“Não dá para ficar em cima do muro”, afirma Lula
A FSP acompanhou o 7º Congresso do PT, que começçu na sexta-feira (22), em São Paulo. A reportagem mostra que o ex-presidente Lula (PT) exaltou a polarização política e reforçou seu lugar na oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo ele, aqueles que pedem para ele “calar certas verdades para nã)o tumultuar o ambiente político, para o PT não provocar uma ameaça à democracia” são os que, na verdade, não tiveram compromisso com a democracia.
“Aos que criticam ou temem a polarização, temos que ter a coragem de dizer: nós somos, sim, o oposto de Bolsonaro. Não dá para ficar em cima do muro ou no meio do caminho: somos e seremos oposição a esse governo de extrema-direita que gera desemprego e exige que os desempregados paguem a conta”, afirmou o petista em discurso na abertura do 7º Congresso Nacional do PT, nesta sexta-feira (22), em São Paulo.
Lula disse mais:
“Hoje me coloco à disposição do Brasil para contribuir nessa travessia para uma vida melhor, vida em plenitude, especialmente para os que não podem ser abandonados pelo caminho”, afirmou.
A namorada de Lula, Janja, esteve ao lado de Lula durante o evento.
Petistas da cúpula do partido já haviam dito que o discurso de Lula seria mais elaborado e pensado do que os anteriores, considerados mais um desabafo de quem acabara de sair da prisão.
Após ter ficado 580 dias preso, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro pelo caso do tríplex de Guarujá, o ex-presidente foi a estrela do congresso petista e fez questão de reforçar a polarização com Bolsonaro ao mesmo tempo em que reafirmou o compromisso do PT com a democracia.
“Vamos deixar uma coisa bem clara: se existe um partido identificado com a democracia no Brasil é o Partido dos Trabalhadores”, afirmou. “Nós não aceitamos mais censura, tortura, AI-5 e perseguição a adversários políticos.”
“Não fomos nós que falamos em fechar congresso e muito menos o STF com um cabo e um soldado [referência a uma frase do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do atual presidente, em 2018]. Não fomos nós que pedimos revisão do pleito só pra desgastar o partido vencedor. […] Que sustentamos uma farsa judicial e midiática para tirar do páreo o candidato líder nas pesquisas. […] Não fomos nós os responsáveis pela eleição de um candidato que tem ojeriza à democracia”, disse .
“São essas pessoas que agora nos dizem para não polarizar o país. Como se polarização fosse sinônimo de extremismo político e ideológico. Como se o Brasil já não estivesse há séculos polarizado entre os poucos que têm tudo e os muitos que nada têm”, completou.
“Não venham me dizer que o PT é radical. Um pouco de radicalismo faz bem a nossa alma. […] Não estou mais radical, estou mais conciente”, disse em parte improvisada.
Também no improviso, Lula disse ser “o maior polarizador desse país”. Lula repetiu a lógica de que só quem polariza está no jogo e pode chegar ao segundo turno. “Parabéns pela polarização”, declarou.
Lula rejeitou comparação a Bolsonaro ao dizer que jamais ameaçaria cassar uma concessão de TV, como o presidente fez em relação a Globo. O petista, porém, não poupou críticas à emissora.
“Antes que a Rede Globo me acuse outra vez pelo que não disse nem fiz, não ousem me comparar ao presidente que eles escolheram. Jamais ameacei e jamais ameaçaria cassar arbitrariamente uma concessão de TV, mesmo sendo atacado sem direito de resposta e censurado como sou pelo jornalismo da Globo.”
“Parece que enfiaram o Brasil à força numa máquina do tempo e nos enviaram de volta a um passado que a gente já tinha superado. O passado da escravidão, da fome, do desemprego em massa, da dependência externa, da censura, do obscurantismo”, declarou.
Ao falar da oposição, defendeu aliança com a centro-esquerda e forças do campo popular, além de reaproximação com os trabalhadores excluídos.
“Salvar o país da destruição e do caos social que este governo está produzindo não é tarefa para um único partido”, disse.
Dilma afirmou ainda que neoliberalismo e neofascismo são irmãos siameses, “um não existe sem o outro”.
“É isso que torna a elite brasileira tão frágil diante do neofascismo, que a torna tão cúmplice da reforma da Previdência e da precarização do trabalho”, disse.
Fernando Haddad afirmou que o PT não pode subestimar sua própria força. “Bolsonaro perto de nós pode muito pouco se tivermos consciência histórica da nossa energia e do que o povo espera de nós”, declarou.
RAIO-X DO PT
2,3 milhões de filiados
54 deputados federais
256 prefeitos eleitos em 2016
6 senadores
4 governadores
DA REDAÇÃO COM INFORMAÇÕES DA FSP