Chefe da PF que Bolsonaro não queria assume o cargo
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O delegado Carlos Henrique Oliveira de Sousa tomou posse nesta terça-feira como novo superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio. Ele assume o cargo após uma confusão que quase resultou na demissão no diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo.
Sousa era superintendente da PF em Pernambuco e chegou a ser anunciado em setembro para o comando do órgão no Rio. Sua nomeação, no entanto, foi suspensa porque o presidente Jair Bolsonaro, que queria emplacar no cargo o superintendente no Amazonas , Alexandre Silva Saraiva.
Em meio às divergências, Bolsonaro ameaçou trocar Valeixo à revelia do ministro da Justiça, Sergio Moro , com o argumento de que ele, como presidente, é quem manda. A crise começou com uma reação do presidente à vinculação do deputado Hélio Negão (PSL-RJ), amigo de Bolsonaro, a um inquérito sobre fraudes no INSS do Rio. O nome do deputado teria sido incluído de forma irregular, numa disputa de poder pelo comando da superintendência.
Sem conhecer a extensão do problema, Bolsonaro exigiu o afastamento do então superintendente Ricardo Saadi por questões de “gestão” e “produtividade”. Em uma outra entrevista, indicou Saraiva.
O presidente elevou o tom e chegou a dizer que, se não pudesse indicar o superintendente, substituiria o diretor-geral, indicado por Moro. A ameaça de demissão perdurou até a descoberta de que Hélio Negão não estava sob investigação . Com o deputado fora da mira, Bolsonaro parou de pressionar pela troca de chefes na polícia.
Tanto Saadi quanto Sousa não relembraram o episódio envolvendo a troca do comando da PF no Rio e Bolsonaro, mas ambos fizeram questão de, no discurso, exaltar o aumento de produtividade do órgão no estado. Os dois listaram as últimas operações contra corrupção, principalmente da Lava-Jato . Sousa, Saadi e Valeixo não quiseram falar com a imprensa.
A posse contou com a presença do governador Wilson Witzel ; do vice-governador Cláudio Castro ; do desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) e relator dos processos da Lava-Jato na segunda instância; e do juiz Marcelo Bretas.