Hacker tinha mais de 124 alvos ao mesmo tempo
Foto: Daniel Marengo/O Globo
Ao ser preso pela Polícia Federal durante a primeira fase da Operação Soofing, realizada em julho, o hacker Walter Delgatti Neto, o ‘Vermelho’, bisbilhotava, em tempo real, as mensagens de 126 alvos, entre eles o ministro da Economia Paulo Guedes e o presidente do Senado Davi Alcolumbre. Em relatório conclusivo da investigação, peça de 177 páginas, a PF diz que durante a busca na casa de ‘Vermelho’ encontrou, além de dispositivos com atalhos ativos para o Telegram das vítimas, um HD com milhares de dados interceptados.
O relatório foi enviado à 10.ª Vara Federal de Brasília na noite desta quarta, 18, indiciando os seis investigados na Spoofing por participação em organização criminosa, invasão de dispositivo informático alheio e interceptação de comunicação telemática ilegal.
A PF indica que, durante as buscas realizadas em julho, ao lado da cama de ‘Vermelho’, encontrou um celular que continha 33 contas ativas do Telegram, entre elas a utilizada por Guedes. Análise pericial indicou que de tais perfis, apenas 3 não teriam sido de fato invadidos.
Os agentes apreenderam também um computador que apresentava 176 ícones de atalhos de acesso a perfis do Telegram Desktop – 110 estariam ativos no momento em que a perícia foi realizada e, após exclusão de links repetidos, a PF identificou 99 vítimas de interceptação.
Os 126 Hackeamentos de ‘Vermelho’. Foto: ReproduçãoO relatório diz ainda que foram encontradas, no notebook, exportações de dados referentes a 48 contas do Telegram, entre elas a do presidente do Senado.
De tais perfis, 43 estavam entre os atalhos ativos da área de trabalho do dispositivo.
O texto destaca, no entanto, que os links referentes a outras vítimas da interceptação ilegal já haviam sido excluídos pelo suposto chefe do grupo criminoso.
Como exemplo, os policiais mencionam um vídeo de 34 minutos intitulado ‘Filhos de Januário 4’. Segundo os investigadores, a gravação era referente à tela do computador de computador de Thiago Eliezer no momento em que estava online na conta de um dos membros do Ministério Público Federal que fazia parte do grupo.
Além de tais dispositivos, a PF encontrou na casa de ‘Vermelho’, um HD com imagens e printscreens de telas do telefone relativas a contatos de diversas pessoas -procuradores da República, delegados de Polícia Federal, advogados -, além de fotos de conversas de grupos com os nomes ‘Valoriza MPF’, ‘Winter is coming’ e ‘STJ Operação Saqueador/Calicute’.
Ao analisar o hard drive, os peritos encontraram uma pasta com milhares de dados, organizados em 15 subpastas que, segundo a PF, referem-se a informações obtidas com a invasão dos dispositivos.