Homofobia e fanatismo religioso motivaram ataque no RJ
Depois de a produtora Porta dos Fundos ser alvo de coquetéis molotovs, na véspera do Natal, Fábio Porchat, integrante do grupo de humor, concedeu entrevista ao GLOBO nesta quarta-feira (25) na qual afirmou que o atentado teve motivação homofóbica, uma vez que ocorreu após o Porta dos Fundos retratar Jesus Cristo como gay.
— Penso que o ódio pelo Especial de Natal diz muito mais sobre quem o repudia do que sobre nós. A homofobia é nítida nesse caso. Para nós, do Porta dos Fundos, ser gay é uma característica como qualquer outra. A pessoa pode ser alta, baixa, branca, negra, gay, hétero. Para os homofóbicos, ser gay é xingamento. Aí é que mora o preconceito — disse o ator.
Para Porchat, é importante que a polícia identifique e puna os criminosos o mais rapidamente possível:
— Esse tipo de intolerância tem se mostrado cada vez mais comum. Se não identificarmos esses terroristas, isso pode soar como um aval para que mais atentados sejam encorajados a acontecer. O país e o estado preciam mostrar que não aceitamos ataques violentos de qualquer espécie contra quem quer que seja. Contra o presidente, contra o Porta dos Fundos ou contra você — disse.
Mais cedo, o ator há havia utilizado uma rede social para se pronunciar sobre o atentado:
“Não vão nos calar. Nunca! É preciso estar atento e forte.”
De acordo com a assessoria de imprensa do grupo, dois coquetéis-molotov foram lançados contra a fachada do imóvel. O ataque aconteceu às 4 horas da manhã e o caso foi registrado como crime de explosão na 10ª DP (Botafogo).
O fogo foi contido, segundo a assessoria, por um segurança que estava no prédio. Apenas o quintal e a recepção sofreram danos materiais com o ato.
Grupos religiosos estão em campanha contra o “Especial de Natal Porta dos Fundos: A primeira tentação de cristo”, no ar na Netflix desde 3 de dezembro. No filme de 46 minutos, Jesus (Gregorio Duvivier) está prestes a completar 30 anos, e é surpreendido com uma festa de aniversário quando voltava do deserto acompanhado do namorado, Orlando (Fabio Porchat). A sátira com um Jesus gay despertou a ira de alguns setores religiosos, que já pediram a censura da produção.