
Joice e Eduardo são líderes do PSL por decisão da Justiça
Foto: Luis Macedo/Agência Câmara
Ex-líder do governo no Congresso e agora uma voraz crítica do presidente Jair Bolsonaro, a deputada Joice Hasselmann (SP) tornou-se ontem pela manhã a nova líder do PSL na Câmara dos Deputados, mas, no fim da tarde, um juiz de Brasília anulou a suspensão do grupo bolsonarista do PSL e abriu caminho para que o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, retome o comando da bancada, num vai-e-vem que se arrasta há meses.
Joice assumiu ontem prometendo voto a favor das reformas estruturantes, mas uma posição de independência em relação ao governo. “Vamos entregar o que prometemos. O partido é liberal na economia e conservador nos costumes. É liberal na economia, não é nacionalista. É conservador nos costumes, não é reacionário. São coisas diferentes”, afirmou.
O presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), foi na mesma linha e disse que o partido não é mais base aliada do governo no Congresso, mas que apoiará as pautas liberais do governo e que sejam de interesse dos empresários do país. “O PSL está sempre de acordo com suas convicções. Fizemos campanha, elegemos vários deputados dentro dessa linha”, comentou.
A escolhe de Joice como líder contou com apoio de 22 dos 53 deputados federais do PSL – o que sinaliza que 31 devem acompanhar Bolsonaro no futuro partido que ele pretende criar, o “Aliança pelo Brasil”. Ela só obteve a maioria porque, na noite anterior, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acatou decisão do diretório nacional do partido de suspender das atividades partidárias 14 deputados.
Ontem à tarde, porém, o juiz Giordano Resende Costa, da 4ª Vara Cível de Brasília, concedeu medida cautelar para anular as suspensões até o julgamento de uma ação dos bolsonaristas que acusa irregularidades na punição. Ele concordou com os pedidos dos deputados, dizendo que não houve publicidade do edital de convocação, que não estaria no site do partido, e que o Conselho de Ética foi criado para julgar fatos anteriores à sua fundação.
Com a anulação da suspensão, o grupo bolsonarista do PSL se mobilizava ontem à noite para protocolar uma nova lista de apoio a Eduardo Bolsonaro na liderança, o que não tinha ocorrido até o fechamento desta edição – a Câmara precisava ser notificada da decisão judicial. Joice ironizou a decisão, dizendo que foi “suspeita”, “ilegal” e que será derrubada. “As notificações foram via cartório, edital e até WhatsApp”, disse.