Por que Bolsonaro calou sobre Operação contra o Filho
Foto: Dida Sampaio/Estadão
Com o cumprimento de mandados de busca e apreensão no Rio e em Resende, no sul fluminense, na manhã de ontem, o Ministério Público do Rio deu novo ritmo às investigações sobre o suposto esquema da “rachadinha” que, suspeita, teria sido operado por Fabrício Queiroz para o hoje senador Flávio Bolsonaro (sem partido).
Depois de meses de ações de gabinete, focadas na coleta de documentos, buscas em cartórios, pedidos judiciais e depoimentos, os promotores foram em busca de novos indícios. Querem agora confirmar hipóteses que detectaram no que já apuraram e comprovar relações que supõem haver entre investigados, cujos sigilos foram quebrados.
Não há surpresa na aceleração do passo do Ministério Público do Rio depois de um período de lentidão. Quando eram questionados sobre a demora das apurações, promotores afirmavam que trabalhavam com cuidado para obter provas consistentes.
Não o diziam, mas também queriam afastar acusações de motivação política para as investigações – inevitáveis, no atual ambiente de polarização. Daí a necessidade de respeito a procedimentos e prazos de lei, para evitar eventual nulidade dos procedimentos. Isso ajuda a entender a paciência com que o Ministério Público recebeu as sucessivas faltas de Queiroz a depoimentos marcados pelos promotores.
Outro fator que atrasou as apurações foi a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de paralisar as investigações, em julho. O ministro atendeu a um pedido da defesa de Flávio, que alegou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) quebrara o sigilo de seu cliente sem autorização da Justiça.
A liminar, que também paralisou centenas de inquéritos em todo o País, foi derrubada na Corte em novembro. Foi como um sinal para que a investigação da “rachadinha” galgasse novo patamar.
O silêncio da família Bolsonaro sobre as buscas realizadas ontem pode indicar que também o presidente e seus filhos perceberam a mudança de cenário.