Ataques iranianos evitaram deliberadamente causar mortes
Foto: AFP
A resposta iraniana ao assassinato do general Qasem Soleimani foi planejada para evitar mortes de militares americanos, informaram à agência Reuters fontes do governo dos EUA e de governos europeus com acesso a informes de inteligência.Falando sob condição de anonimato, essas pessoas disseram que o ataque com mísseis contra as bases de Ayn al-Asad, no Oeste do Iraque, e de Irbil, no Curdistão iraquiano, tinham como objetivo enviar uma mensagem sobre a determinação iraniana, mas sem causar mortes para impedir que a crise saia de controle.
Uma fonte em Washington informou durante a madrugada desta quarta-feira que as primeiras informações não citavam militares mortos ou feridos, após as instalações serem atingidas por 22 mísseis lançados a partir do Irã. Outras autoridades se negaram a comentar.
Contudo, outras três fontes disseram acreditar que o Irã mirou partes das bases militares com a intenção de evitar mortes. A tese é reforçada por informações da inteligência vindas do Irã, confirmando a natureza do plano de ataque.
— Eles queriam responder, mas quase certamente não queriam provocar uma escalada — afirmou uma das fontes.
Em entrevista à agência de notícias persa Fars, um porta-voz do Exército iraniano desmentiu “reportagens da imprensa estrangeira” sugerindo a existência de uma coordenação entre o Irã e os EUA antes do ataque, para que as bases fossem evacuadas.
Em curto pronunciamento no início da tarde desta quarta-feira, o presidente americano, Donald Trump, confirmou que nenhum soldado americano foi morto ou ferido, e que os danos foram mínimos.
Internamente, a imprensa iraniana afirmou que os ataques provocaram a morte de 80 “terroristas americanos”, além de danificar helicópteros e equipamentos militares. Contudo, não citou as fontes da informação.
Em discurso televisionado, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que uma “ação militar como essa não é suficiente. O que importa é encerrar a presença da América na região”.
Entretanto, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, afirmou que os ataques “concluíram” a resposta de Teerã à morte de Soleimani. O corpo do general foi enterrado na terça-feira, em sua cidade natal, Kerman, após dias de luto nacional.
“Nós não queremos uma escalada ou a guerra, mas vamos nos defender de qualquer agressão”, afirmou Zarif, pelo Twitter.
Alemanha, Dinamarca, Noruega e Polônia informaram que nenhum de seus soldados no Iraque foi ferido. O Reino Unido condenou as ações, afirmando que Teerã “não deve repetir esses ataques perigosos e imprudentes”. O Iraque informou que suas forças não foram atingidas. A missão das Nações Unidas em Bagdá pediu prudência, dizendo que o ‘Iraque não deve pagar o preço por rivalidades externas”.
Mais de 5 mil soldados americanos continuam no Iraque, junto com forças de outros países numa coalizão internacional montada para treinar e reforçar o Exército iraquiano na luta contra o Estado Islâmico.
— Enquanto avaliamos a situação e nossa resposta, nós tomaremos todas as medidas necessárias para proteger e defender funcionários, parceiros e aliados americanos na região — afirmou o porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman.