Bolsonaro teme apoiar candidatos na eleição municipal
Foto: Miguel Schincariol / Getty Images
Dissidente do PSL, o presidente Jair Bolsonaro já afirmou que as chances de seu novo partido Aliança pelo Brasil se viabilizar para as eleições municipais são de 1%, mas os envolvidos diretamente na criação da legenda estão confiantes de que poderão lançar candidatos em cidades consideradas estratégicas, entre elas capitais como Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Apesar disso, não existe até agora nenhuma definição sobre quais lugares seriam prioritários.
Bolsonaro também se preocupa com a possibilidade de candidatos lançados no pleito municipal atrapalharem seus planos de reeleição em 2022. Logo, o presidente, com ou sem o Aliança criado, deverá dar seu apoio a alguns poucos concorrentes considerados de confiança e alinhados ideologicamente em cidades estratégicas.
O presidente deseja evitar que se repita o que houve nas eleições do ano passado, quando vários candidatos a deputado e senador se elegeram sob o manto do bolsonarismo pelo PSL, mas romperam com o presidente no racha da legenda comandada pelo deputado Luciano Bivar (PE).
— Na Aliança teremos um filtro para evitar que pessoas não alinhadas saiam candidatos. Vamos primar pela qualidade e não quantidade —disse a advogada Karina Kufa, tesoureira do partido em fase de coleta de assinaturas.
Segundo a advogada, o Aliança terá cursos para pretensos candidatos para as eleições de 2022, que deverão cumprir uma frequência mínima obrigatória. Como não terá tempo hábil para aplicar as aulas nas eleições municipais, quem quiser concorrer pelo Aliança receberá “orientações dinâmicas”.
No final de dezembro, em conversa com jornalistas no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse não ter “obsessão por formar o partido”.
— Acho que Deus até me ajuda porque você sabe que eleições municipais não influenciam muito nas próximas. E às vezes você elege um cara numa capital aí, se o cara fizer besteira, você vai apanhar na campanha de 2022 todinha —disse na ocasião.
Na mesma entrevista no Alvorada, Bolsonaro disse ainda que até agora não definiu apoio a nenhum précandidato nas principais capitais. Por outro lado, confirmou que gostaria que o apresentador José Luiz Datena se lançasse à disputa pela Prefeitura de São Paulo.
A meta do Aliança é concluir a coleta de assinaturas até o início de fevereiro. Até agora, 116.567 mil fichas de filiações foram preenchidas, o que corresponde a 23,69% do total de assinaturas necessárias: 492.015.
Karina Kufa afirma que está pedindo aos apoiadores o reconhecimento de firma para facilitar o trabalho de conferência da Justiça Eleitoral e, dessa forma, conseguir concluir a criação do partido até março.
— Estamos pedindo o reconhecimento de firma, facilitará o trabalho do servidor da Justiça Eleitoral, já que por ter fé pública, a assinatura não pode ser falsificada, sendo inviável o seu questionamento. Não estamos substituindo o trabalho da Justiça Eleitoral de validar as fichas de apoiamento, pois isso depende de regulamentação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Estamos apenas trazendo um facilitador —diz a advogada.