Contra reforma da Previdência, franceses fecham hidrelétrica
Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters
Trabalhadores do setor de energia elétrica que protestam contra os planos do governo de reformar o sistema previdenciário da França fecharam a maior hidrelétrica do país nesta quarta-feira.
A paralisação foi realizada por membros da central sindical CGT, que têm recorrido a ações de sabotagem para protestar contra uma reforma que, segundo ela, forçaria as pessoas a permanecerem mais tempo no mercado de trabalho.
O fechamento da hidrelétrica ocorreu apenas um dia após trabalhadores do mesmo sindicato cortarem a energia do maior mercado atacadista de alimentos frescos do mundo, o Rungis, nos arredores de Paris.
A interrupção desta quarta-feira, na instalação de Grand’Maison, nos Alpes, fez com que a França precisasse importar energia, enquanto uma onda de frio tomava conta do país, com temperaturas abaixo de zero aumentando as necessidades de aquecimento.
Dados da operadora francesa de rede elétrica, RTE, mostraram que às 6h30 do horário local, a demanda de energia era de 82,6 gigawatts, e a capacidade disponível era de 82,4 gigawatts.
O presidente francês, Emmanuel Macron, quer realizar a maior reforma do sistema de Previdência do país desde a Segunda Guerra Mundial, alegando que as mudanças propostas tornarão o sistema mais simples e igualitário. A ideia principal é acabar com os 42 regimes especiais e implantar um modelo único para o cálculo da aposentadoria.
Embora tenha feito algumas concessões, como recuar do aumento da idade mínima para a aposentadoria integral de 62 para 64 anos, Macron vem mantendo sua posição durante o longo período de greves e protestos nas ruas, que já se arrasta por mais de seis semanas.
O direito à greve é garantido pela Constitução francesa, mas a legalidade de atos como o desta quarta é questionada. Na terça-feira, o primeiro-ministro, Edouard Philippe, acusou os manifestantes que bloquearam usinas e cortaram o fornecimento de energia de “desrepeitarem a democracia e a lei”.
Depois do ocorrido no mercado atacadista Rungis, a RTE e a EDF, que é a maior produtora e distribuidora de energia da França, disseram que tomarão medidas legais contra os responsáveis. O líder da central sindical CGT, Philippe Martinez, negou que os cortes de energia tenham sido atos de sabotagem.
— Quando acontecem paralisações, as coisas não funcionam — Martinez disse à BFM TV. — A administração da EDF está perseguindo, por meio do Judiciário, os responsáveis pelas interrupções. Eles se recusam a reconhecer o descontentamento.