Cortar publicidade para punir imprensa, como ameaça Bolsonaro, é censura
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Durante visita a El Salvador, o relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Edison Lanza, expressou sua rejeição a um governo que busca “recompensar ou punir” a imprensa com publicidade estatal. Segundo ele, esse tipo de ação afeta a independência da imprensa.
— Recebemos informações preocupantes de que alguns meios de comunicação [de El Salvador], depois de terem publicado informações que não compartilhavam nenhuma ação governamental, tiveram rapidamente cortada a publicidade oficial — disse Lanza em entrevista ao jornal de El Salvador. — A pior atitude é a da censura.
Além disso, ele classificou como um problema estrutural que os governos recentes não tenham proposto uma regulamentação clara e objetiva de como é feita a publicidade estatal.
Lanza foi um dos membros da Missão da CIDH, órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que visitou El Salvador no fim de 2019 para verificar a situação dos direitos humanos no país.
A missão elaborou um relatório preliminar no qual solicita ao governo que respeite a independência da mídia, “em particular a independência editorial”, para evitar a estigmatização e o descrédito de jornalistas e defensores dos direitos humanos. O documento também exige que o acesso dos cidadãos às informações geradas pelas agências estatais.
Lanza revelou ainda que tentou se encontrar com representantes de comunicação do governo para tratar sobre as restrições à liberdade de expressão e imprensa, mas não foi recebido.