Eleição americana mata herói iraniano
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A justificativa de Trump para matar um “herói” iraniano, a de que ele atacaria primeiro, é falsa. Com dificuldade para vencer a eleição deste ano, o republicano decidiu oferecer ao seu povo seu fetiche favorito: guerra. Enquanto isso, Bolsonaro anseia lamber uma bela bota ianque.
Embora Trump tenha mencionado uma suposta invasão à embaixada dos EUA no Iraque como justificativa para o bombardeio que ceifou a vida do dito “herói” iraniano Qassim Soleimani, o ataque americano está sendo visto como instrumento para comover o eleitorado conservador neste ano em que Trump busca a reeleição.
“Estamos em um momento muito importante, com eleições em Israel e nos Estados Unidos ainda este ano, pondera o ex-diretor da Anistia Internacional e professor de história Celso Garbarz, especializado em Oriente Médio pela Universidade de Jerusalém. “Um ataque desse pode criar uma situação que ajudaria muito no processo eleitoral desses dois países”, afirma.
O professor de Relações Internacionais da ESPM, Roberto Uebel, faz coro com o YouTuber Felipe Neto. Para Uebel, seria “de bom tom” se o governo brasileiro não se posicionasse sobre o assunto – por razões estupidamente óbvias.
Já Felipe Neto foi mais direto e implorou a Bolsonaro que cale a boca.
Mas se você acha que já sabe do pior, engana-se. O pior é que há um aliado de todos os inimigos dos EUA que não achou nenhuma graça no morticínio de iranianos como “showmício” para Trump e insinua que pode defender os iranianos contra os americanos. A Rússia alertou para as “consequências” da operação “perigosa” americana.
Professor da ESPM Roberto Uebel diz que “já é fato histórico na política externa americana a criação de fatos para desviar o foco [sobretudo durante eleições] Mesmo que saia absolvido do impeachment, Trump precisa criar uma narrativa que tenha impacto sobre as eleições”, diz.
“Como no Partido Democrata há muitos que rejeitam intervenção no Oriente Médio, o ataque enfraquece a oposição enquanto fortalece a figura republicana de Donald Trump”, diz Uebel. Cria-se a imagem de um inimigo terrorista, agora o Irã, e direciona o assunto para a pauta político-eleitoral deste ano.
Quer saber como tudo pode piorar? Basta Bolsonaro ter uma recaída de seu amor por Trump e, assim, decidir comprar a briga dele em nosso nome – sim, no meu, no seu, no nosso nome.
Redação