“Europa se curvou ao valentão Trump”, diz Irã
Foto: ALASDAIR PAL / REUTERS
O chanceler iraniano, Javad Zarif, disse nessa quinta-feira que os países europeus cederam ao “valentão da escola” Donald Trump ao acinonarem um mecanismo de disputa do acordo nuclear de 2015, ao qual o presidente americano se opõe. A medida poderá levar à reativação das sanções da ONU contra República Islâmica, embora os europeus digam que esse não é o objetivo.
A acusação veio após o jornal Washington Post revelar na quarta-feira, sem mencionar a fonte, que o governo Trump ameaçou impor uma tarifa de 25% sobre as importações europeias de carros se Reino Unido, França e Alemanhã não acusassem formalmente o Irã de violar o pacto..
Nesta quinta-feira, a ministra alemã da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, confirmou oficialmente que a ameaça aos três países aconteceu.
— Esta expressão, ou ameaça, como queiram chamá-la, existe — afirmou a ministra, em entrevista coletiva em Londres.
O mecanismo de disputa foi acionado pelos europeus na terça-feira. No mesmo dia, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que é hora de um “acordo Trump” substituir o pacto de 2015, e a França assinalou que são necessárias conversar abrangentes. O Irã respondeu chamando essa decisão de “erro estratégico”.
O pacto, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPoA), foi assinado em 2015 entre Teerã e as principais potenciais mundiais, oferecendo ao Irã um alívio das sanções se o país reduzisse suas atividades nucleares. O presidente Trump retirou os EUA do acordo em 2018 e reativou as punições, dizendo querer um acordo que envolvesse também o programa de mísseis convencionais do Irã e seu apoio a grupos anti-EUA no Oriente Médio.
A decisão levou o Irã a deixar de cumprir alguns de seus compromissos, ao ponto de, neste mês, afirmar que ignoraria os limites fixados no pacto ao enriquecimento de urânio, em represália ao assassinato, pelos Estados Unidos, do general iraniano Qassem Soleimani. Teerã informou, no entanto, que continuará permitindo a atuação no país dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e disse que voltará a cumprir integralmente o pacto assim que acabarem as sanções econômicas americanas.