Maceió: aluguel dispara após anúncio de que 17 mil serão despejados
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A notícia de que a mineradora Braskem removerá 17 mil pessoas que vivem em 4,5 mil casas, nos bairros de Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Mutange, em Maceió (AL), provocou uma corrida em busca de imóveis no município, e o setor reagiu aumentando o valor da locação em até 20%, de acordo com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi-AL).
O acordo firmado pela empresa e intermediado pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Alagoas, a Defensoria Pública da União (DPU) e de Alagoas (DPE-AL), determina que a mineradora deve pagar R$ 5 mil por cada mudança feita pelos 17 mil moradores e R$ 1 mil de aluguel-social pelo período de seis meses.
De acordo com Rick Magalhães, superintende da Ademi-AL, a alta procura por locação somada ao fato de que os proprietários de imóveis em Maceió estão cientes de que as pessoas removidas terão R$ 1 mil para locação, fizeram os valores subirem.
“É oferta e procura. O valor destinado é mediano. Quando aumentou a procura, esses imóveis começaram a aumentar o valor do aluguel. Um imóvel que eu quero alugar por R$ 1 mil, com a procura grande eu aumento de 10% a 20% e alugo por até R$ 1.200”, explica o corretor de imóveis.
Os quatro bairros, que correm o risco de desaparecer, ficam na periferia da capital alagoana, onde os aluguéis são mais baratos. Os moradores narram dificuldades em encontrar imóveis e valores compatíveis.
“Tivemos um aumento de 30% de acréscimo no valor dos alugueis. Então, o mercado que estava desaquecido, esquentou com isso. O morador já entra com uma perda desses 30%”, lamenta Geraldo Vasconcelos, que vivia no bairro do Pinheiro e agora vive na casa do sogro, enquanto aguarda o valor de R$ 1 mil para buscar uma nova moradia.
Ainda de acordo com Magalhães, até a notícia das remoções era possível locar um imóvel com R$ 1 mil em Maceió. “Era um valor que te permitia alugar em diversas regiões da cidade, mas com a alta busca está mais difícil. É possível encontrar, mas pode ser em regiões afastadas.”
A vendedora Bruna Iara de Britto, que nasceu e cresceu no bairro Mutange, está entre as pessoas que devem ser removidas e não conseguem encontrar imóveis. “A casa onde estamos pertence aos meus pais. Eu e meu filho vivemos lá e não pagamos aluguel. Agora, não consigo encontrar uma casa que caiba nós quatro e que custe R$ 1 mil. Vamos ter que ficar apertados em alguma casa ou ir para mais longe”, explica.
Trechos do acordo entre a Braskem e os órgãos públicos ainda serão divulgados, pois carecem de negociações e ajustes. Os despejados aguardam a confirmação do valor que será destinado para indenização e compra de novos imóveis no caso dos proprietários.
Em resposta enviada ao Brasil de Fato, a Braskem defendeu o valor destinado para o aluguel: “As famílias das áreas de desocupação serão atendidas no Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, que contempla auxílio aluguel, compra do imóvel e pagamento de valores referentes a danos materiais e morais, além de auxílio para mudança, apoio de psicólogos e assistentes sociais. O auxílio aluguel de R$ 1 mil foi definido no acordo entre a empresa e as autoridades – e é o mesmo valor do auxílio aluguel pago pelo governo federal.”