Moro está em campanha por indicação ao STF
Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
Enquanto aliados do presidente Jair Bolsonaro comentam, reservadamente, que ele não desistiu de recriar o Ministério da Segurança Pública, até o final do governo, Sérgio Moro busca criar uma base de apoio para avançar em suas pretensões futuras. Além de lutar para manter a Polícia Federal sob seu comando, evitando alterações na estrutura da pasta que comanda, o ministro da Justiça tenta pavimentar o caminho para o Supremo Tribunal Federal. Mas, caso outro nome seja indicado para ocupar a vaga do ministro Celso de Mello, que deixa o STF em novembro, Moro tem tudo para desembarcar do governo — de acordo com um ex-integrante do alto escalão do Executivo, que mantém proximidade com o ministro.
No auge da crise envolvendo a recriação da pasta da Segurança pública — deixada de lado por enquanto —, o ministro fez chegar a Bolsonaro que não aceitaria a mudança. O presidente, então, recuou, e assim ficou demonstrada a força do integrante mais popular do governo. Os dois se encontram, ainda nesta semana, para acertar alguns pontos.
“Muitos querem dividir o MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional). É comum. O pessoal quer a luta pelo poder; o tempo todo tem alguém beliscando ministério. Agora, pelo que eu vi, o Moro não mordeu a isca, nem eu. Continua ele com o ministério (da Justiça), sem problema nenhum. Talvez me encontre com ele amanhã (esta quarta-feira — 29/1)”, afirmou Bolsonaro, ao chegar em Brasília depois da viagem oficial à Índia.
Com o apoio de parte do eleitorado, da ala militar do governo e de integrantes do Congresso, o ministro não descarta uma candidatura à Presidência, em 2022. Mas este seria um plano B, caso não seja indicado ao Supremo, de acordo com esse interlocutor de Moro.
Nos bastidores, rumores dão conta de que o presidente vai indicar para a vaga o ministro Jorge de Oliveira, chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Ex-integrante do gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Oliveira tem seis anos de experiência como advogado e é visto no meio jurídico como alguém com currículo insuficiente para chegar a mais alta Corte do país. O segundo cotado é o advogado-geral da União, André Mendonça, que tem elevada aceitação entre os integrantes do Supremo e no meio jurídico. Além disso, é evangélico, atributo que o presidente declarou ser importante para decidir quem ficará com a vaga. Moro é católico e, embora venha demonstrando apoio público ao presidente, se mantém descontente com diversas decisões em seu trabalho diário.
Nesta terça-feira (28/1), Moro visitou o juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio, que julga os casos da Lava-Jato no estado. Responsável por condenações como a do ex-governador Sérgio Cabral, o magistrado tem boa popularidade e é um aliado importante para as intenções futuras de Moro. O diretor-geral da Polícia Federal, Maurícioi Valeixo, que está na mira para ser removido do cargo, também participou do encontro. “Visita institucional a (sic) Sétima Vara da Justiça Federal do RJ, pelo MJSP, e pelo Diretor Geral da Polícia Federal, para apoio dos (sic) trabalhos na Operação Lava Jato do Juiz Federal Marcelo Bretas”, escreveu Moro no Twitter.