Pompeo ataca Partido Comunista da China
Foto: TOLGA AKMEN / AFP
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, lançou críticas severas à China, em um momento em que um dos principais aliados dos Estados Unidos, o Reino Unido, sinaliza que abrirá as portas, mesmo que parcialmente, à empresa chinesa Huawei para o desenvolvimento e implementação da rede 5G no país.
Os americanos querem evitar que a China exerça um papel de destaque nesse tipo de tecnologia no Ocidente, e chegou a banir o uso de equipamentos da Huwaei em 2012, efetivamente fechando as portas do país para a empresa. Eles a acusam de desenvolver produtos que também seriam usados para espionar outras nações. Em Londres, onde se reuniu com o chanceler britânico, Dominic Raab, Pompeo atacou de forma direta líderes chineses.
— O Partido Comunista Chinês representa a principal ameaça de nosso tempo — declarou o secretário. — O Partido Comunista Chinês sob o presidente Xi [Jinping] tem deixado claro que tem objetivos que não são consistentes com os grandes valores defendidos por países como Estados Unidos e Reino Unido.
Nos últimos meses, Pompeo vem fazendo ataques sistemáticos às autoridades chinesas. Em outubro do ano passado, disse que elas eram “abertamente hostis” em relação a Washington, e que tinham uma “nova visão do autoritarismo”. Mesmo assim, nesta quinta-feira ele reconheceu que a China “é uma enorme economia à qual a economia americana está intimamente ligada”.
Questões sobre o 5G
Apesar das restrições impostas pelos americanos e da pressão indireta para abandonar os planos de uma rede 5G com presença chinesa, o Reino Unido anunciou que a Huwaei terá participação no setor, com restrições.
Segundo o governo, a empresa atuará em áreas “não essenciais” da rede, ficando fora de locais como bases militares e instalações nucleares. Essa participação também será avaliada de forma constante, segundo as autoridades locais — o premier Boris Johnson chegou a afirmar que “jamais colocaria a segurança nacional do Reino Unido em risco”.
Até 2023, a Huawei, que é lider global na tecnologia 5G, terá sua participação no mercado limitada a 35% da rede, o que já provocou algumas reclamações de empresas de telecomunicações britânicas. Segundo a BT, essa limitação fará com que as companhias sejam obrigadas a diversificar seus fornecedores de equipamentos, em um custo estimado em £500 milhões (R$ 2,776 bilhões) nos próximos cinco anos.
Em entrevista ao Financial Times, Philip Jansen, presidente do Grupo BT, elogiou a preocupação do governo com a segurança do país, mas revelou que análises feitas em produtos da companhia chinesa não revelaram qualquer sinal de que eles pudessem ser usados para espionagem.
Ao ser questionado sobre o tema nesta quinta-feira, Mike Pompeo afirmou que o Reino Unido “tem um modelo para proteger seus cidadãos”, mas que “jamais permitirá que informações de segurança dos EUA trafeguem por uma rede na qual o governo não confia”. Por fim, ele disse torcer para que EUA e Reino Unido “trabalhem juntos para resolver as diferenças” sobre o tema.