Após pressão da oposição, conselheiro britânico pede demissão
Foto: Danny Lawson/AFP
Andrew Sabisky, conselheiro do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu demissão nesta segunda-feira, 17, em razão das pressões da oposição trabalhista e nas redes sociais. Com visões abertamente racistas e misóginas, sua presença no gabinete de Downing Street 10 gerou uma situação pra lá de constrangedora para Johnson, que tentou dissociar sua imagem da do conselheiro nos últimos dias.
Sabinsky, de 27 anos, foi contratado neste mês pelo chefe de gabinete de Johnson, Dominic Cummings, que publicara um anúncio de emprego em seu próprio site na internet em busca de um profissional “esquisitão e talentoso”. O conselheiro defende políticas de eugenia – pseudociência que propõe o aprimoramento da raça humana por meio da segregação étnica – e a concepção de que os negros têm menor QI que os brancos e maior propensão a “deficiências intelectuais”.
Em um texto para o site de Cummings, Sabisky defendeu o emprego de contracepção forçada para diminuir a gravidez não planejada e evitar a geração de uma “subclasse” de pessoas. Também declarou em 2016 que os esportes praticados por mulheres “são mais comparáveis aos paralímpicos”. Ao deixar o governo britânico, declarou ter sido vítima de um “assassinato gigantesco de reputação”.
“As visões do primeiro-ministro são muito bem conhecidas e documentadas”, repetiu dez vezes um porta-voz do governo em uma reunião com jornalistas nesta segunda-feira quando perguntado se Johnson concordava com as ideias de Sabinski. Naquele momento, Johnson não sinalizava com a demissão do funcionário.
Apesar de o cargo de Sabisky ser temporário, segundo Cummings, sua nomeação causou furor nas redes sociais e a reação imediata do Partido Trabalhista, que pediu por sua demissão. A primeira-ministra Escócia, Nicola Sturgeon, também exigiu a saída do conselheiro do governo.
“Não são notícias aceitáveis para qualquer governo produzir. Eles precisam se controlar rapidamente e demonstrar alguns valores básicos, mas fundamentais, nos termos de nosso debate público”, disse Sturgeon pelo Twitter.