Bolsonaro e os índios: desenhando para quem ainda não entendeu

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Foto: Reprodução

Por Rogério Correia, deputado federal (PT-MG) e relator da CPI de Brumadinho.

Vamos fazer uma caricatura, quase um desenho, para deixar tudo às claras:

Imagine a situação. Adolf Hitler nomeia um evangélico para lidar com os judeus, sobretudo aqueles que têm pouco contato com a civilização alemã. “O judeu está evoluindo e se tornando humano, mas precisa mais”, diz Hitler. Em seguida, ele manda ao Congresso alemão um projeto de lei que libera a atividade da mineração nos campos povoados por judeus.

Na prática, o que Jair Bolsonaro está propondo para os índios brasileiros não é muito diferente do que propunha Hitler para os judeus. O resultado pode inclusive ser o mesmo, com genocídio das culturas e dos povos indígenas em plena segunda década do século 21!

E isso apenas um ano depois do que ocorreu em Brumadinho, quando mais uma vez ficou provado que o desejo de lucro e expansão econômica não pode ser maior que o cuidado com o meio ambiente e com a vida humana.

É cientificamente comprovado, através de inúmeros estudos de brasileiros e estrangeiros, que a presença dos índios ajuda na preservação da floresta. E o bioma amazônico, por sua vez, é fundamental para o fenômeno conhecido como “rios voadores”, que ajudam a levar água às demais regiões do Brasil – com efeitos econômicos positivos evidentes, inclusive no agronegócio das regiões sul e centro-oeste.

Ou seja, além de tudo, Bolsonaro propõe medidas que são burras economicamente. Só terão resultado de curto prazo para um grupo reduzidíssimo de pessoas.

Bem, mas deve ser isso mesmo que ele quer… Só lembrando que, no médio e longo prazos, a consequência para o Brasil pode ser caótica e, pior, irrecuperável!

Por isso o PL enviado por Jair Bolsonaro, de tão absurdo e irresponsável, deve ser devolvido pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia. Até por ser inconstitucional, já que descumpre o direito territorial garantido aos povos e comunidades tradicionais. O Brasil tem demandas urgentes e sérias demais para o presidente da República tomar tanto tempo do povo e do Congresso com mais um de seus delírios levianos.