Freixo quer investigação da morte de PM

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) cobrou que as circunstâncias da morte do ex-capitão da PM do Rio, Adriano Nóbrega, sejam investigadas. Nóbrega, que estava foragido há mais de um ano e era acusado de ser um dos chefes do grupo de matadores que se convencionou chamar de “Escritório do Crime”, morreu em troca de tiros com a Polícia Militar no município baiano de Esplanada.

“Muitos homicídios no Rio de Janeiro, e principalmente os homicídios encomendados, o Adriano [Nóbrega] certamente tinha muita informação sobre isso. Não à toa que ele é pego com 13 telefones celulares. Alguém que tem 13 telefones celulares tem muita gente para ligar. As circunstâncias da morte precisam ser investigadas. Esse é o primeiro ponto”, cobrou Freixo.

O deputado lembrou ainda que o ex-capitão tinha ligações com Fabrício Queiroz, investigado pela prática de “rachadinha” quando trabalhava como assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio. “Não tenho informação da operação policial, aí tem que ter perícia. Ele é uma pessoa que muita gente gostaria que fosse executada, porque teria muita informação? Sem dúvida. Isso quer dizer que ele foi executado? Não sei.”

Freixo também ressaltou que o ex-PM não foi denunciado no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

“Mas pode dizer que ele não estava envolvido? Quando a investigação for concluída sim, mas por enquanto não. Até agora os investigadores dizem que não há nada contra ele. Ao contrário do [Ronnie] Lessa [preso pelas mortes de Marielle e Anderson], que está preso inclusive”, afirmou Freixo, reconhecendo que há uma confusão sobre a participação ou não de Nóbrega na morte de Marielle, uma vez que tanto o ex-capitão como Ronnie Lessa faziam parte do “Escritório do Crime”.

“O Escritório do Crime não é uma firma. O Escritório do Crime é um lugar onde matadores se encontravam, mas eles não trabalhavam juntos, não era uma firma. Segundo informações daqui do Rio de Janeiro, o Adriano [Nóbrega] e o [Ronnie] Lessa nunca trabalharam juntos. Porque são matadores contratados por contraventores, por milícia, para execução, para matar pessoas. Mas nunca foram vinculados um ao outro, segundo especialistas da área”, frisou Freixo, acrescentando que a investigação no caso de Marielle e Anderson “é sobre o Lessa, a denúncia é sobre o Lessa.”

Foi seguindo o rastro de dinheiro investido em fazendas de gado que investigadores chegaram ao paradeiro de Nóbrega na Bahia. Acusado por inúmeros crimes e apontado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) como um dos chefes do “Escritório do Crime”, o ex-capitão estaria lavando dinheiro de origem criminosa por meio do arrendamento de fazendas de gado na Bahia e em Sergipe, registradas em nome de laranjas, de acordo com investigador ouvido pelo Valor. Em Sergipe o ex-policial também teria participado de vaquejadas – competição em que os vaqueiros adiantam quantia em dinheiro para ter direito à participação.

Ontem, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, divulgou um vídeo no qual refuta ilações políticas sobre a morte de Nóbrega. O secretário ressaltou a “lisura do trabalho da Polícia da Bahia” e lamentou o surgimento de especulações sobre a atuação da PM baiana. “Infelizmente acabaram levando a questão para o lado político. Não há nenhum interesse por parte da Secretaria de Segurança e da Polícia Militar em esconder qualquer tipo de crime cometido por Adriano e por sua quadrilha. Gostaria que respeitassem o trabalho de nossa polícia”, afirmou o secretário.

Já o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), elogiou a ação policial que terminou na morte de Nóbrega, apontado ainda como um dos chefes da milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. “Não podemos deixar de agradecer à Polícia Civil do Rio de Janeiro. Tivemos duas importantes operações em parceria com outra polícia, a polícia da Bahia, e obteve o resultado que se esperava. Chegamos ao local do crime para prender, mas, infelizmente, o bandido que ali estava não quis se entregar. Trocou tiros com a polícia e infelizmente faleceu.”

Valor Econômico