Moro diz que não há desordem nas ruas do Ceará

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Foto: Alexandre Manfrim/Ministério da Defesa

Apesar do significativo aumento do número de crimes violentos registrados na última semana no Ceará, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que não há “situação de absoluta desordem nas ruas”. Ele e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, visitaram o Ceará nesta segunda. O estado já registrou 147 crimes violentos letais intencionais – homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte – desde o início do motim de parte dos policiais militares do estado, na quarta-feira da semana passada.

— Entendemos que a situação é temporária e deve ser resolvida brevemente. Existe um indicativo de aumento de alguns crimes mais violentos, mas a situação não é, vamos dizer assim, não há situação de absoluta desordem nas truas. As pessoas estão circulando nas ruas, não existem saques em estabelecimentos comerciais. A situação está sob controle, claro que dentro de um contexto relativamente difícil, em que parte da polícia estadual está paralisada – disse o ministro da Justiça, em entrevista coletiva em Fortaleza.

Azevedo e Silva informou que o governo federal enviou cerca de três mil agentes de segurança ao Ceará em função da paralisação. O efetivo tem 2.600 homens das Forças Armadas, além de integrantes da Força Nacional de Segurança, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal. Para o ministro da Defesa, o contingente é suficiente para dar “proteção” para a população. O presidente Jair Bolsonaro decretou na semana passada uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Segundo o decreto, as Forças Armadas ficam no estado até sexta-feira.

O governador Camilo Santana (PT) afirmou que as entidades que representam os policiais chegaram a aceitar uma proposta de acordo feita pelo governo – os agentes pleiteiam um aumento salarial –, mas depois voltaram atrás. Para Santana, o comportamento dos policiais que participam do motim não é aceitável. Na última quarta-feira, o senador Cid Gomes (PDT-CE) levou dois tiros depois de tentar usar uma retroescavadeira para entrar em um quartel onde havia agentes amotinados, em Sobral. Ele já recebeu alta.

– O estado sempre permitiu diálogo e negociações com as forças de segurança. O que não podemos permitir é que grupos da segurança estejam fazendo o que a sociedade brasileira está acompanhando. Com carapuças, balaclavas e usando as armas que a Constituição deu a concessão para proteger a sociedade ameaçando a sociedade. Esse tipo de comportamento… Ninguém está acima da lei. Sempre haverá abertura de diálogo e negociação, mas ninguém pode estar acima da lei nesse país – afirmou o governador.

Moro disse que o objetivo do governo federal é “serenar os ânimos” e possibilitar que o governo estadual resolva a situação sem que a população fique desprotegida. Azevedo e Silva destacou que a Constituição proíbe que militares façam greve:

– Qualquer instituição fardada, seja ela das Forças Armadas ou da polícia militar, é baseada na hierarquia e na disciplina. A gente tem que folhear a Constituição. É vedado o direito de greve e de associações com fins políticos. Essa é a lei.

O Globo