Parlamentares querem punir difamador de jornalista

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Foto: Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem, pelo Twitter, que dar falso testemunho numa comissão do Congresso é crime e que atacar a imprensa “com acusações falsas de caráter sexual é baixaria com características de difamação”

“Falso testemunho, difamação e sexismo têm de ser punidos no rigor da lei”, defendeu. Apesar de não ter sido explícito, Maia se referia ao depoimento de Hans River do Nascimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. River é ex-funcionário da Yacows, agência que faz disparos em massa de conteúdo via WhatsApp. A relatora da CPMI, senadora Lídice da Mata (PSB-BA), disse que vai acionar o Ministério Público para que River seja processado por falso testemunho.

No depoimento, ele difamou a repórter da “Folha de S.Paulo”, Patrícia Campos Mello, e negou que tenha repassado informações sobre a disputa eleitoral de 2018 ao jornal.

O depoente alegou, ainda, que a repórter teria tentado seduzi-lo, para obter informações. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em sua intervenção, afirmou não duvidar que a jornalista “possa ter se insinuado sexualmente”. Após o depoimento, o jornal publicou uma série de prints com a troca de mensagens da jornalista com River, mostrando que ele repassou voluntariamente informações à repórter e tentou convidá-la para um show, mas ela não respondeu ao convite. Enquanto a jornalista fazia as apurações sobre o caso, Hans fechou um acordo trabalhista com a empresa e não quis mais participar da reportagem.

As acusações dele foram divulgadas pelos aliados do presidente Jair Bolsonaro, entre Eduardo para criticar o jornal, a repórter e as matérias que apontaram o uso desses disparos em massa pela campanha do presidente eleito.

Várias entidades de jornalismo e da sociedade civil prestaram solidariedade à jornalista. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou um manifesto de apoio, assinado por mais de 2,4 mil mulheres que trabalham em veículos de comunicação do país, em que repudiam “os ataques sórdidos e mentirosos proferidos em depoimento à CPMI das Fake News por Hans River”.

O Observatório da Liberdade de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota sobre o episódio: “O uso de difamação para afetar a imagem de uma profissional de comunicação que incomoda justamente por sua competência merece repúdio das instituições que prezam a liberdade de expressão e de informação”.

Valor