Quem ganha com os milhares vivendo nas ruas?

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A Prefeitura de São Paulo divulgou recente censo, através do qual foi apurado que há mais de 24 mil pessoas em situação de rua em São Paulo, 12 mil das quais vivendo efetivamente em logradouros públicos ou na rua. Números que só crescem, e de forma vertiginosa. O censo anterior, de 2015, que já era assustador, contou quase 16 mil pessoas.

Que vergonha!

Essa quantidade representa 1 milésimo da população. Estatisticamente, pode até parecer pouco, mas o abandono dessas pessoas à própria sorte mostra-nos diariamente a baixa qualidade de nossas gestões.

Por que não acolher? Porque custa?

É lógico que custa, mas a perda para a cidade com vias e logradouros públicos indevidamente ocupados é muito maior. E estamos falando de economia. De saúde, turismo, de questões sociais, segurança, de um muito que isso envolve. Envolve, e é preciso que isso seja dito com toda a clareza, a depreciação dos imóveis.

Empresas e moradores saem de certas regiões ou até do município, em razão do avanço do seu abandono pelo poder público. Empregos deixam de ser gerados, impostos deixam de ser recolhidos.

A quem interessa essa situação? Não adianta mais esse jogo de empurra.

Não deveria interessar a ninguém, pois acima de tudo é terrível saber que a cidade não consegue dar mínimas condições de dignidade a tantas pessoas. Se fossem mais inteligentes, nossos gestores veriam que todos teriam a ganhar acolhendo e tratando dignamente essa população abandonada.

Ganhariam os acolhidos e ganharia a cidade e, certamente, mais impostos e mais empregos podem permitir a mobilidade dessas pessoas para situações melhores de vida.

Ao invés disso, o medo da tomada de medidas eficazes os acua e nada é feito. Não vemos nem planos.

Perdemos todos: o 1 milésimo de abandonados vivendo nas ruas e os 999 milésimos que vivem em ruas abandonadas!

*Flavio F. de Figueiredo, engenheiro civil, consultor, conselheiro do IBAPE/SP – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo e diretor da Figueiredo & Associados Consultoria.

Estadão.