Atitude de Bolsonaro já divide apoiadores fanáticos

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Foto: Reuters/Adriano Machado

Apontada como uma irresponsabilidade, no momento em que o país se esforça para combater a propagação do coronavírus, a interação de Jair Bolsonaro com simpatizantes que foram à manifestação a seu favor, em Brasília, no domingo, representou o segundo episódio de grande repercussão negativa do presidente nas redes sociais, desde o início do governo. É o que mostra o levantamento feito a pedido do Valor à consultoria Quaest, que divulga mensalmente o Índice de Popularidade Digital (IPD) de políticos e figuras públicas.

De acordo com o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, a postura de Bolsonaro em relação à covid-19 – doença que já matou mais de 8 mil pessoas pelo mundo – dividiu sua base de apoiadores num grau só visto quando o presidente anunciou que indicaria o filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à embaixada brasileira nos Estados Unidos.

O IPD é resultado da composição de quatro dimensões que analisam a quantidade de seguidores e o teor dos comentários publicados em relação a governantes ou pretensos políticos no Twitter, Facebook e Instagram.

Numa dessas dimensões, Bolsonaro teve uma redução de 32% no fator valência, indicando que o presidente teve um volume muito maior de comentários negativos do que positivos em relação ao assunto. “A palavra ‘irresponsável’ é a mais citada na nossa análise”, diz Nunes.

O IPD é divulgado mensalmente, mas os dados, a pedido do Valor, foram coletados até segunda-feira à noite, dia seguinte às manifestações. É possível, afirma Nunes, que a queda continue até o fechamento do mês de março e contribua para um índice geral mais baixo, o que vem sendo uma tendência de Bolsonaro, ainda que lidere o ranking de figuras nacionais, à frente do apresentador Luciano Huck e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A popularidade digital do presidente já tinha caído entre janeiro e fevereiro, de 84,3 para 80,19 pontos. Nos primeiros 15 dias de março, o índice é de 78,63, puxado pela valência. Em julho, quando quis indicar Eduardo à embaixada, o que achou não se concretizando, o IPD de Bolsonaro teve um tombo de 87,53, em junho, para 70,26.

Curiosamente, entre os governadores, Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, também teve uma queda e perdeu 20% de popularidade digital desde o domingo, quando tentou dispersar um ato e foi rechaçado pelos bolsonaristas.

Valor Econômico