Xandão e o jus esperneandi

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Xandão e o jus esperneandi

Eduardo Guimarães

Apesar de inexistir a expressão jus esperneandi no idioma-mater indo-europeu, oriundo da região do Latium, que degenerou para o Latim, essa é uma forma espirituosa muito usada no meio jurídico. Em bom português, significa ‘direito de espernear’ (reclamar).

É nesse contexto que surge Alexandre de Moraes, o temível ‘ditador de toga’ que apavora as noites e os dias do nazibolsonarismo, essa variante do nazifascismo que eclodiu no país mimetizando, ipsis-litteris, o movimento que o inspirou.

Moraes não tem muito o que fazer para ter suas decisões ao menos respeitadas pela autoproclamada “grande imprensa”. Se é duro com o bolsonarismo, criticam; se é brando, criticam.

Vimos editoriais dos jornalões descendo a borduna em Moraes por bloquear perfis no X-Twitter que pregavam o extermínio de Moraes e suas ascendência e descendência e a boa e velha intervenção militar. Papagaiando o segundo homem mais rico do mundo, que, por alguma razão “misteriosa”, acabou caindo nas graças da tal “grande imprensa”.

Agora, vemos a gritaria geral contra o “ditador de toga” por não meter uma tornozeleira na perna de Bolsonaro ou ele inteiro no xilindró após se abrigar em uma embaixada quatro dias depois de receber uma visitinha da PF e ter seu passaporte confiscado.

Pela esquerda, o Xandão virou xandinho, amarelou diante da manifestacinha de 21 de abril e da manifestação de 25 de fevereiro. Então tá.

O grande professor Dalmo de Abreu Dallari, a quem eu recorria toda vez que tinha uma dúvida sobre o Direito, diria que Bolsonaro está recorrendo ao tal jus esperneandi, um direito inalienável de qualquer ser humano em situações de persecução penal como a que se alevanta contra o mito-mano Jair.

Moraes, porém, jogou xadrez. Assim como o espertíssimo Paulo Gonet.

Quando a bordoada contra Bolsonaro vier, virá após Moraes ser acusado de leniência pela esquerda e de brochada pela direita, e após Gonet ter sido aprovado pela fina flor do bolsonarismo no Senado e tendo sido elogiado por esse mesmo bolsonarismo por devolver o inquérito da carteira de vacinação à PF — hello, Wajngarten!

E a bordoada Virá. E vai demorar menos do que esquerda e direita pensam. Quem viver, verá.