Bolsonaristas afirmam que epidemia é “mentira”

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Foto: Reprodução

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que se concentraram na manifestação da avenida Paulista, em São Paulo, classificaram a pandemia do coronavírus como “uma mentira para esvaziar protestos”. A afirmação foi feita pelo líder do Movimento Direita Conservadora (MDC), o psicólogo de Uberlândia Vagner Cunha, que puxava o protesto do alto do único caminhão de som utilizado no ato. Os manifestantes gritaram palavras de ordem pedindo a prisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

“O Doria pinóquio, cara de pau que se elegeu mentindo, pensou que a gente não ia para a rua, mas tem de saber que esse é um ato de desobediência civil”, disse Cunha.

No entorno do caminhão, manifestantes chamaram o coronavírus de “comunavírus”.

Policiais militares presentes na Paulista estimaram o público em cerca de 3 mil pessoas no pico da manifestação. Mas não houve estimativas oficiais. Um advogado que se declarou como “pré-candidato a prefeito” de São Paulo, Antonio Ribas Paiva, sem filiação partidária, disse que foi o responsável por alugar o caminhão de som de 23 metros de comprimento.

O padrão se repetiu no país: os atos ocorreram em diversas cidades em todos os Estados, mas com público menor do que em outras manifestações bolsonaristas, e mais radicalizadas. A manifestação do dia 15 inicialmente havia sido concebida para o recolhimento de assinaturas para a criação do partido “Aliança pelo Brasil”. Posteriormente, os organizadores elegeram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal como alvos.

Bolsonaro incentivou o comparecimento às manifestações em um primeiro momento. Com o agravamento da crise do coronavírus, recuou e recomendou que a população evitasse aglomerações no fim de semana. Mas ontem ele foi a ato realizado em Brasília e cumprimentou militantes.

Em Belo Horizonte, a preocupação com risco de contaminação pelo coronavírus também pareceu não ter sido levada a sério pelos manifestantes que se reuniram na Praça da Liberdade. Muitos militantes, no entanto, especialmente os mais velhos, cobriam o rosto com máscaras cirúrgicas. Algumas traziam a expressão “corruPTvírus” estampada. Uma grande foto de Rodrigo Maia exibia a legenda “chantagista”. Ao lado, a imagem do presidente do STF, Dias Toffoli, e as palavras “desprezível” e “nada”.

Um dos oradores que discursaram na praça falou sobre o que considerava a ameaça da instituição do parlamentarismo no Brasil e de uma eventual tentativa de impeachment de Bolsonaro. Disse que não é a hora de falar na possibilidade de intervenção militar para proteger o presidente – uma das ideias que circulam pelas redes bolsonaristas mais radicais – mas prometeu: “o povo irá em massa para as ruas. Direita BH e Movimento Orgulho Nacional foram alguns dos organizadores.

No Rio de Janeiro a manifestação aconteceu na orla de Copacabana. A militância ostentava cartazes com dizeres como “Congresso e STF matam mais que coronavírus” e “Fora Rodrigo e Companhia, SOS Generais, Intervenção Militar Já”, segundo registro do portal G1. Muitos manifestantes usavam máscara facial.

A manifestação foi marcada por um incidente em Goiânia, onde o governador Ronaldo Caiado (DEM) foi até a Praça Cívica para tentar convencer manifestantes a encerraram o ato. “Vocês precisam mais do que nunca ter responsabilidade de impedir que aglomerações provoquem a disseminação do coronavírus”. Foi calado com ofensas, gritos de “vai pra Cuba” e vaias.

Em Belém e Ribeirão Preto (SP), as manifestações contaram com a participação de deputados federais. No Pará, o delegado Eder Mauro (PSD-PA) desprezou, logo de manhã, no twitter, a emergência mundial de saúde: “Pandemia meus ovos”, escreveu, substituindo a palavra “ovos” pelo emoji que reproduz o alimento. No interior de São Paulo o deputado Marco Feliciano (sem partido-SP) marcou presença.

No Recife, a manifestação se concentrou na avenida Boa Viagem, na zona sul da cidade. Muitos manifestantes usavam máscaras hospitalares. Do alto do trio elétrico, os organizadores anunciaram a presença de 50 mil pessoas, mas não foi divulgado levantamento oficial da Polícia Militar. Um dos cartazes fazia um apelo ao vice-presidente, Hamilton Mourão. “Hey, Mourão! Presta atenção, fecha o Congresso e põe o Maia na prisão”

Valor Econômico