CPI das Fake News que investiga Eduardo Bolsonaro será prorrogada
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Oposição e centrão começaram a recolher assinaturas para prorrogar a CPI das Fake News por mais 180 dias. As investigações sobre o impulsionamento de mentiras nas eleições de 2018 têm 13 de abril como prazo final. Animados com a divulgação de uma possível ligação entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e uma página na internet que ataca adversários do presidente Jair Bolsonaro, parlamentares tentarão estender os trabalhos do colegiado até outubro.
Para prorrogar a CPI, são necessárias 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara, o que corresponde a um terço dos parlamentares de cada Casa. Segundo parlamentares envolvidos na busca de apoios, no Senado, já há número suficiente para pedir a continuidade do colegiado. Na Câmara, o movimento será intensificado na próxima semana.
— Naturalmente, (o caso Eduardo Bolsonaro) é um dos motivos da prorrogação, porque é o primeiro exemplo concreto que estabelece um vínculo entre alguém com papel relevante no Congresso e uso das fake news — diz o senador Humberto Costa (PT-PE), acrescentando que, na Casa, já há 29 assinaturas pela prorrogação.
Uma das contas envolvidas em ataques virtuais e investigada pela CPI foi criada com um e-mail usado pelo gabinete de Eduardo Bolsonaro. A página que tinha o nome “Bolsofeios” saiu do ar na quarta-feira à tarde. A informação foi publicada pelo “Uol” ontem e confirmada pelo GLOBO. Os dados foram enviados à comissão pelo Facebook em resposta a um pedido do deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE).
— Temos a avaliação de que ainda há muita coisa para investigar em andamento. Há muitas pessoas para serem ouvidas. Tudo isso vai requerer mais tempo. A CPI não é trabalho simples — diz a deputada Natália Bonavides (PT-RN).
A divulgação deu novo fôlego à oposição, que, nas últimas semanas, avaliava se lideraria uma mobilização pela continuidade dos trabalhos. Embora tenha potencial de atingir Bolsonaro, a CPI também se mostrou um risco para o PT, que viu o nome de parlamentares também citados por depoentes como possíveis usuários do mecanismo de disparo em massa de mensagens mentirosas.
Mas não só o PT participa do movimento pela prorrogação. Parlamentares de outros partidos, especialmente do centrão, também têm dado apoio à continuidade dos trabalhos. Integrantes da CPI dizem que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também foram consultados sobre a prorrogação e não se opuseram.
Aliados de Jair Bolsonaro são contra a extensão do prazo. Entre outros depoimentos que atingiram o presidente, os ex-aliados e deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP) disseram que há um “gabinete do ódio” no Planalto, com uma equipe dedicada a atacar adversários dele. A ex-líder do governo completou que esse esquema com contas falsas e robôs seria financiado com dinheiro público.
— Sou contra a prorrogação — diz o deputado Filipe Barros (PSL-PR).