Foco da epidemia na China vai acabar com confinamento

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Foto: STR / AFP /

A cidade chinesa de Wuhan, marco zero da epidemia de Covid-19, vai acabar com as restrições de deslocamentos no dia 8 de abril, depois de mais de dois meses de confinamento. Anunciado nesta terça-feira, o fim gradativo das medidas é um sinal da confiança do governo chinês no sucesso de sua estratégia draconiana de contenção, enquanto o mundo luta para limitar as transmissões da doença.

As restrições deixarão de vigorar no restante da província de Hubei, da qual Wuhan é capital, a partir de amanhã,quarta-feira, 25 de março. A princípio, apenas aqueles que forem considerados saudáveis poderão se deslocar livremente: para entrar ou sair da área, será necessário mostrar um código QR “verde” no seu telefone — emitido pelas autoridades, ele certifica que a pessoa não está infectada com o coronavírus.

Em vigor desde o dia 23 de janeiro, as restrições vinham sendo retiradas de maneira progressiva desde a visita que o presidente Xi Jinping fez à região há duas semanas — sinal político da vitória do governo frente ao vírus.Ainda assim, há questionamentos sobre até ponto a pandemia está controlada em seu epicentro inicial.

Horas após o abrandamento das restrições ser anunciado, Wuhan anunciou que um médico testou positivo para o novo coronavírus após cinco dias sem novos casos da doença na cidade. A nível nacional, a China informou nesta terça-feira 78 novos casos de Covid-19, 74 deles de pessoas que chegaram ao país do exterior. Também foram registradas sete mortes, todas em Wuhan. Quase todas as novas infecções em território chinês nos últimos dias são de pessoas que retornam ou procedem do exterior — até o fim da manhã desta terça, os casos importados já contabilizavam 427.

Isto acentua os temores sobre uma “segunda onda” de infecções, desta vez importadas. Frente ao risco, cidades chinesas vêm adotando regras para pôr os recém-chegados em quarentena, como Pequim. Desde segunda-feira, todos os voos internacionais com destino à cidade devem fazer uma escala em outro aeroporto chinês, onde os passageiros são submetidos a exames médicos.

As autoridades da capital anunciaram também nesta que qualquer pessoa que chegar à cidade será submetida a um exame de detecção biológica a partir de quarta-feira. Mesmo que os casos importados sejam controlados, no entanto, teme-se que que o alívio das restrições governamentais por si só desencadeie novos casos da doença.

Hubei foi a única região do país a entrar em quarentena total, mas outras províncias e cidades do país também adotaram medidas de restrição que começaram a ser levantadas. Na última quarta-feira, o presidente Xi Jinping ordenou que todos os níveis de governo no país movam com “urgência” para restaurar a ordem social e econômica — em áreas de menor risco, a vida normal e a produção deveriam ser “restauradas completamente.

Em Guizhou, Quinghai e no Tibete, alguns destes locais menos atingidos pela Covid-19, os governos locais autorizaram a retomada das aulas (algo momentaneamente descartado em Hubei). Nas cidades industriais ao sul do país, como Guangzhou e Shenzhen, os operários começam a voltar às fábricas, enquanto as barreiras de trânsito começam a cair. A vida também começa a voltar ao normal em Xangai e Pequim, onde engarrafamentos e bares lotados voltam ser um cenário comum.

O Globo