Mandetta não comparece à reunião da OMS
Foto: Adriano Machado
Nesta sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou uma reunião com mais de 50 ministros da saúde de todo o mundo para debater estratégias comuns para lidar com a pandemia e coordenar posições.
Apesar da presença de ministros de países duramente afetados, como EUA, França, China e Coreia do Sul, o Brasil não participou do encontro com o chefe da Pasta, Luiz Henrique Mandetta.
O encontro ocorreu de forma virtual e, por mais de duas horas, governos trocaram impressões com a direção da OMS sobre os próximos passos da luta contra a pandemia. Governos apresentaram suas estratégias, êxitos e desafios diante do surto.
Mas, para a surpresa da alta cúpula da OMS, a participação brasileira não contou com a máxima autoridade para a Saúde. Procurado, o Ministério da Saúde explicou que, no momento do encontro, Mandetta estava na Presidência da República e não pode participar, sem dar detalhes.
A pasta tampouco explicou quem representou o Brasil durante o encontro. A coluna foi informada que houve um representante do país, mas de baixo escalão.
A presença ministerial de diferentes governos foi interpretada como um sinal do compromisso político de países em lidar com a crise. A participação da máxima autoridade sanitária também foi considerada como um sinal da aceitação desses governos pelas recomendações da OMS.
A ausência do maior país da América do Sul, portanto, chamou a atenção. Nesta semana, a OMS já havia ligado o sinal de alerta quando o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, minimizou a doença e ainda deu sinais contrários às medidas de distanciamento social.
Na quinta-feira, ao ser questionado pela coluna, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, respondeu de forma clara à tentativa do governo brasileiro de reduzir a importância do assunto: “as UTIs estão lotadas em muitos países”.
No encontro desta sexta-feira, Tedros voltou a pedir o compromisso político de todos os governos para agir contra o vírus e apresentou seis medidas que gostaria que todos os países adotassem.
Entre elas está o teste de todas as pessoas com sintomas, assim como a preparação dos sistemas públicos de saúde. Para completar, Tedros também insistiu que a crise não poderia ser lidada apenas pelos Ministérios da Saúde e que governos precisam assumir a crise de uma maneira mais ampla.
“Mantivemos um encontro com cerca de 50 ministros da Saúde de todo o mundo, no qual China, Japão, Coreia do Sul e Cingapura compartilharam suas experiência e lições que aprenderam”, disse Tedros.
“Vários temas comuns apareceram sobre o que foi lidado: a necessidade de identificação rápida (de pacientes) e o isolamento de casos confirmados”, explicou.
Outro tema foi a necessidade de um atendimento eficiente e a “necessidade de comunicar para construir confiança e engajar as comunidades na luta”.