Mesmo insatisfeitos, governadores poupam Mandetta
Foto: Isac Nóbrega/Agência Brasil
Ainda que não tenham aprovado o recuo do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre a quarentena, governadores tem poupado o auxiliar do presidente Jair Bolsonaro de críticas públicas mais contundentes. O objetivo é evitar que o chefe do Poder Executivo aposte na substituição de Mandetta, que ainda é considerado “um perfil técnico” para a Pasta.
Segundo fontes, há o consenso entre os governadores de que uma eventual demissão de Mandetta aumentaria as dificuldades de interlocução com o governo sobre a crise do coronavírus.
Na avaliação deles, o mais cotado para o cargo, em caso de dispensa do político do DEM, seria Antônio Barra Torres, presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mais alinhado com Bolsonaro na resistência ao isolamento social em função do vírus, ele é visto como “um terraplanista sanitário”.
A eventual troca no comando do Ministério da Saúde poderia sustentar a tese de Bolsonaro sobre a eventual adesão de um isolamento vertical durante a crise para evitar maiores efeitos econômicos da pandemia na atividade econômica.
Em conversas reservadas, governadores tem avaliado que Mandetta foi pressionado politicamente a recuar. Após pronunciamento do presidente minimizando o potencial do coronavírus e chamando a doença novamente de “gripezinha”, o ministro afirmou que as medidas de quarentena podem ter sido exageradas.
Além de evitar que o Ministério da Saúde passe a ser comandado por “um ideológico”, governadores escalaram uma equipe técnica, formada por secretários de saúde, médicos e especialistas, para analisar a evolução da doença em cada um dos Estados. O objetivo é dar uma resposta consistente às declarações recentes de Bolsonaro, que vem defendendo o fim do isolamento social.
Fontes avaliam que o estudo poderá indicar que as medidas de restrição podem ser diferenciadas entre as regiões. Ninguém acredita, porém, que a análise endossará a tese defendida pelo chefe do Poder Executivo.