MPF vai investigar deputado que furou bloqueio indígena
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O Ministério Público Federal (MPF) em Roraima abriu uma investigação sobre o deputado estadual Jeferson Alves (PTB-RR), que, na semana passada, ficou conhecido após gravar um vídeo quebrando uma corrente que controlava o acesso à BR-174, que corta a terra indígena Waimiri-Atroari, entre Roraima e Amazonas. A informação foi confirmada nesta terça-feira pela assessoria de imprensa do órgão.
Segundo o MPF, a investigação ainda está em estágio inicial e, a depender do que for apurado, poderá resultar em uma denúncia contra o parlamentar.
No dia 28 de fevereiro, Alves utilizou uma motosserra e um alicate para quebrar a corrente que controla o acesso à BR-174. A rodovia, que liga as capitais Manaus (AM) e Boa Vista (RR), corta a Terra Indígena Waimiri-Atroari.
Ação do deputado foi gravada e o vídeo viralizou em redes sociais. No vídeo, é possível ver o parlamentar exaltando a figura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e dizendo que a rodovia jamais voltaria a ser fechada.
— Presidente Bolsonaro! É por Roraima, é pelo Brasil — afirmou deputado.
O tráfego pela BR-174 é alvo de polêmica há vários anos. A rodovia foi construída entre os anos 1960 e 1970 e afetou os índios da etnia Kinja.
À época, estimava-se que os indígenas no local eram cerca de 3 mil. Porém, após a conclusão da BR e da construção da usina hidrelétrica de Balbina (que fornece parte da energia elétrica consumida em Manaus), a população foi reduzida para 200 pessoas.
Atualmente, a estimativa é que a população dos índios Kinja esteja em torno de 2,1 mil pessoas.
Há vários anos, os índios utilizam a corrente para controlar o acesso à Terra Indígena por meio da rodovia. Das 18h às 6h, o tráfego é restrito para caminhões que transportem cargas perecíveis, ambulâncias e ônibus interestaduais. O argumento dos índios para o bloqueio é que ele ajuda a proteger a fauna.
Após a ação do parlamentar, a Justiça Federal de Roraima determinou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) recolocasse as correntes no local onde elas estavam e que o controle de acesso à Terra Indígena fosse devolvido aos índios.
Procurado, o deputado Jeferson Alves não atendeu às ligações feitas ao telefone celular. Sua assessoria de imprensa informou que ele ainda não havia sido notificado sobre a investigação instaurada pelo MPF.