PDT e PSB fazem alianças visando prefeituras de várias capitais
Foto: Humberto Pradera (PSB)/ Divulgação
O PSB e o PDT se reuniram nesta quinta-feira, em São Paulo, para formalizar um movimento para uma “frente antipolarização” que socialistas e trabalhistas elaboram desde o ano passado. Com a presença de Ciro Gomes e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, o PSB anunciou a candidatura do ex-governador Márcio França à Prefeitura de São Paulo, num esforço de reunir o eleitorado de esquerda da capital paulista, sem o PT.
Além de São Paulo, o partido de Ciro Gomes deve apoiar o PSB em outras capitais, como Belo Horizonte (com Júlio Delgado), Recife (João Campos), Curitiba (Luciano Dutti) e Salvador (Lídice da Mata). O PDT, por sua vez, deve receber o apoio do PSB para lançar candidatos próprios em Porto Alegre (Juliana Brizola) e Rio de Janeiro (Martha Rocha). Nas demais cidades, as duas legendas estão negociando com diretórios municipais e estaduais.
Há margem, no entanto, para essa frente se ampliar nestas eleições. Em Florianópolis (SC), PSB, PDT e outros partidos de esquerda trabalham para apoiar em massa o candidato do PSOL, Elson Pereira. Em 2017, ele terminou a eleição com 20%, a quatro pontos percentuais de chegar ao segundo turno.
No evento desta quinta-feira, França aproveitou o momento para dar a dimensão do que pretende ser a aliança, que também conta com PV e Rede. Ele afirmou que a coalização pode render tempo de propanda gratuita na TV e “uma força política maior do que o PT”.
A resistência do partido do ex-presidente Lula em se aliar a outros partidos de esquerda sem perder o protagonismo tem irritado caciques. As rusgas se mantêm desde as eleições de 2018, quando o PT e o PDT não conseguiram se acertar contra Jair Bolsonaro.
— O maior partido do Brasil é o PT. Mas nós dois, juntos, somos maiores do que o PT. Nós temos que conviver e reconhecer diversos méritos que eles também têm, claro. Mas, sinceramente, nós não somos obrigados a ficar subjugados a nada. Essa é a chave de uma porta que é para São Paulo, é para o Brasil — declarou o ex-governador.
O pessebista fez uma tentativa de se afastar da imagem do tucano Geraldo Alckmin, de quem foi vice durante o último mandato do ex-governador. França afirmou que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), faz parte do projeto do atual governador, João Doria (PSDB), para se tornar presidente em 2022. Questionado sobre um possível apoio do PT à sua candidatura, ele sugeriu que o cenário só deve acontecer em um eventual segundo turno do pleito.
— Aqui em São Paulo, o eleitor tem a opção de renovar o mandato do prefeito, que é a continuação do mandato do governador Doria, que é o número 45, e há um outro campo. Nós estamos do outro lado. E vamos fazer uma disputa leal, como tem que ser, com o eventual adversário do nosso campo, que é PT. Uma disputa honesta de quem vai ao segundo turno. Chegando lá, é uma outra eleição — declarou.
A união pode pavimentar a construção de uma frente ampla que sobreviva às eleições municipais e se consolide para 2022, num eventual apoio do PSB à candidatura de Ciro Gomes para presidente. Outras declarações foram ao encontro desse projeto, como a de Carlos Lupi. Ele voltou a afirmar que deseja ver Ciro presidente do Brasil.
Também marcaram presença o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) e diversas lideranças de ambas as legendas no estado de São Paulo. O apoio anunciado nesta quinta-feira é apenas um de uma série de alianças que trabalhistas e socialistas formalizam pelo país.