Secretário-geral da ONU pede trégua global
Foto: Louai Beshara/AFP
Em um apelo forte, talvez um dos mais significativos desde o início da crise provocada pelo coronavírus, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu uma trégua global, se dirigindo a governos e grupos paramilitares que participam de conflitos ao redor do mundo, em diferentes intensidades.
— É a hora de congelar os conflitos armados, para que todos foquem de maneira conjunta na verdadeira luta de nossas vidas — afirmou Guterres, em uma transmissão pela internet. — O vírus não liga para nacionalidade ou etnia, facção ou fé. Ele ataca a todos. Ao mesmo tempo, conflitos armados seguem ao redor do mundo.
A maior preocupação do secretário-geral é com países devastados por anos de conflito, como Iêmen, Síria e Líbia, onde os sistemas de saúde estão em escombros e quase não há profissionais para atender as vítimas. Essas populações, segundo Guterres, estão extremamente vulneráveis.
— Colocar fim à doença da guerra e lutar contra o vírus que está atacando nosso mundo. Isso começa com a suspensão dos combates em todos os lugares. Agora. A nossa família humana precisa disso, mais que nunca.
Até o momento, há um número relativamente baixo de casos em locais que enfrentam conflitos: no Afeganistão são 40, na República Democrática do Congo, 30, e na Síria um caso. No Iêmen não há casos registrados. Na quarta-feira, a ONU deve anunciar um pedido de ajuda de US$ 1,5 bilhão para financiar regiões que já enfrentam crises humanitárias. Resta saber se o apelo será atendido, ainda mais em um momento em que as principais economias do planeta encontram problemas para cobrir os gastos relacionados ao coronavírus em seus países.