Secretários da Saúde entram em pânico por falta de estrutura

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Foto: Carl de Souza/AFP

A percepção de que a falta de respiradores será o principal problema daqui para a frente no enfrentamento ao coronavírus tem levado pânico aos estados e implodiu nesta terça-feira (24) o grupo de WhatsApp dos secretários de Saúde. Em meio a cobranças, um representante estadual ameaçou chamar a polícia, e o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, saiu do grupo. Segundo governadores, o preço do equipamento aumentou, chegando a R$ 140 mil.

O ministro [da Saúde] anunciou ontem [segunda (23)], em videoconferência com governadores e o presidente da República, que havia enviado respiradores para a Bahia. “Não chegaram até minhas mãos. Acho que foram extraviados. Preciso confirmar se foram enviados pois em caso positivo tenho que abrir queixa policial”, escreveu no grupo o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas.

Outros secretários também relataram problemas com o recebimento de insumos. Apesar da crise, porém, boa parte dos participantes deu razão a Oliveira, porque consideraram a mensagem de Villas-Boas acima do tom.

A preocupação vem de fora. Eles têm acompanhado países que já estão em situação pior com a doença. Nesta terça (24), o governador de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, anunciou no Twitter que precisará que Donald Trump encaminhe a ele 30 mil respiradores. A OMS disse que os Estados Unidos podem ser o novo epicentro da pandemia.

Outro grande problema enfrentado neste momento de início de crise da doença no Brasil é com relação à oferta no mercado. Governadores relatam ter dinheiro para comprar equipamentos, mas que não encontram fornecedores. Na segunda (22), o Painel mostrou que o Ministério da Justiça também está com dificuldade.

Pelo menos sete estados relataram esse mesmo cenário. Alguns estão encomendando da China, enquanto outros buscam ajuda da iniciativa privada. São Paulo e Bahia vão contar com a produção em presídios.

A AGU (Advocacia Geral da União) entrou até agora com duas ações por causa do coronavírus. Uma foi para o caso da mudança das regras para o Bolsa Família e a outra para aumentar o prazo das medidas provisórias.

Folha de S. Paulo