Sindicatos uruguaios repudiam Bolsonaro
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
A Convenção Nacional de Trabalhadores do Uruguai (PIT-CNT), central que reúne os principais sindicatos do país, se manifestou publicamente contra a presença do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido) e da presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, na posse de Luis Lacalle Pou, que ocorrerá neste domingo (01/03/2020).
A representação classifica Bolsonaro e Añez como “golpistas”. “Fora Bolsonaro do Uruguai. Repudiamos a presença de Jair Bolsonaro na posse presidencial de Luis Lacalle Pou neste 1º de março, 2020”, diz a nota.
“O Uruguai é democrata e republicano e não aceita golpistas”, repudiou a central por meio das redes sociais. O mesmo comunicado foi usado para Añez.
O presidente brasileiro participa da posse na tarde deste domingo, em Montevidéu. A previsão é que Bolsonaro retorne a Brasília no fim do dia.
Bolsonaro planejava se encontrar também com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. No entanto, Fernández, que está na lista de convidados, não poderá comparecer, pois na mesma data entregará as mensagens do governo ao Congresso argentino.
As manifestações de repúdio público ocorrem ao mesmo tempo em que a entidade reclama da atitude de Lacalle Pou ao não convidar o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, para a cerimônia. “Consideramos que o mandatário eleito não pode, nem deve, utilizar este ato protocolar de profundo significado cívico, democrático e republicano como se fosse uma celebração particular que se convida somente seus amigos.”
Além de Díaz-Canel, Lacalle Pou não convidou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Houve manifestação da entidade contrária também em relação ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luís Almagro, que também é presença confirmada na posse de Lacalle Pou.
O repúdio público ocorre após a divulgação de um estudo do MIT Election Data and Science Lab, especializado em estatística, que concluiu “não haver nenhuma evidência estatística de fraude” nas eleições presidenciais de outubro passado na Bolívia, que apontavam o ex-presidente Evo Morales como vencedor.
As fraudes foram apontadas por um relatório da OEA, divulgado no mês seguinte ao pleito. A entidade havia atuado como observadora internacional das eleições bolivianas. Após a conclusão, houve pressão dos militares e Morales deixou o cargo.