Twitter, Instagram e Facebook desmoralizaram Bolsonaro

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Folhapress

Em mais um domingo (29) de perplexidade —agora internacional— com o comportamento do presidente @jairbolsonaro, duas postagens feitas por ele pela manhã, com imagens das visitas que fez a Ceilândia, Sobradinho e Taguatinga, no entorno do Distrito Federal, em plena vigência da política de redução de circulação para conter o coronavírus, foram excluídas pelo Twitter à noite.

A plataforma confirmou à coluna Painel, da Folha, a exclusão de conteúdos que vão “contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir COVID-19”. Antes de Bolsonaro, entre todos os chefes de Estado, só o ditador venezuelano Nicolás Maduro havia sofrido tal sanção, por divulgar uma receita de bebida caseira que supostamente cura a doença.

No início da noite, a agência digital @JotaInfo registrava o incidente: “Twitter excluiu 2 publicações de Bolsonaro por violarem regras da rede. Presidente visitou comércio no DF e fez vídeos, em meio a aglomerações, defendendo a reabertura de empresas, sem destacar medidas de mitigação do impacto econômico e em oposição ao Ministério da Saúde e OMS”.

 

A postagem do mandatário brasileiro deixou @ianbremmer, CEO da Eurasia, principal consultoria de risco político no mundo, estarrecido: “O presidente Bolsonaro publica uma foto sua no meio da multidão em Brasília… excluída depois pelo Twitter. Ele vai matar brasileiros. É um nível de irresponsabilidade que nunca vi em um líder eleito democraticamente”.

 

Além do vexame histórico na rede social que impulsionou sua candidatura, o presidente ainda questionou os números da epidemia na Europa, como apontou o jornalista brasileiro radicado em Barcelona, @ricardosetti: “Bolsonaro, sem ter o mais remoto fundamento, duvida dos números de vítimas do Covid-19 na Itália. Ofende, portanto, o governo de um país amigo, do qual descendem 35 milhões de brasileiros (inclusive ele próprio)”.

 

No mesmo dia, o governo espanhol se rendia ao tamanho da crise, tuitou outro jornalista brasileiro expatriado, @lucasrohan, doutorando em comunicação da Universidade Nova de Lisboa: “URGENTE: Após recorde de mortes diárias por #coronavírus, 838 nas últimas 24 horas, governo da Espanha acaba de decretar ‘hibernação’ da economia para evitar colapso sanitário”.

 

De Brasília, o colunista Ricardo Noblat transpôs a reprimenda digital para a política real: @BlogdoNoblat “Não tem só que tirar do ar posts de Bolsonaro que violem as regras do Twitter. Tem que tirá-lo da presidência por crime de responsabilidade. Ou não é crime atentar contra a vida das pessoas? E não é isso o que ele está fazendo?”.

 

Tese defendida também, em artigo publicado no jornal The Washington Post, pela antropóloga brasileira e professora da Universidade de Bath, na Inglaterra, Rosana Pinheiro-Machado: @_pinheira “Washington Post: Bolsonaro está colocando o Brasil em perigo. Ele precisa sofrer impeachment! Meu artigo para o @washingtonpost discute o impeachment daquela arroba que me bloqueou”.

 

Nesta segunda-feira (30), o ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado à Presidência em 2018, @Haddad_Fernando, compartilhou reportagem da Folha sobre o documento conjunto de lideranças de centro e de esquerda pedindo a saída do presidente: “Progressitas unidos pelo Brasil. Chega de insanidade: Ciro Gomes, Haddad, Boulos e Dino pedem renúncia de Bolsonaro em manifesto”.

 

O ex-delegado, ex-deputado federal e atual deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) criticou a iniciativa: @Francischini_ “Lula assaltou a Petrobras, Dilma foi conivente e não ouvi nem um pio de Ciro, Haddad, Boulos e Dino. Agora atacam @jairbolsonaro pedindo sua renúncia? Discordar da opinião do Presidente faz parte da Democracia, porém querem é um terceiro turno camuflados de defensores do povo! Vergonha!!”.

 

Fora do país, no entanto, o último aliado do presidente brasileiro também se distanciava de seus últimos movimentos ao prorrogar o período de quarentena nos EUA, conforme noticiou nesta segunda-feira a emissora alemã Deutsch Welle: @dw_brasil “Trump prolonga diretrizes de isolamento social devido ao #coronavírus até 30 de abril: presidente dos EUA anuncia decisão após diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas afirmar que entre 100 mil e 200 mil podem morrer no país de #Covid_19″.

 

E o professor de finanças e economia Rodrigo Zeidan, colunista da Folha, trazia informações inquietantes da China: @RodZeidan “Notícia Urgente: Shanghai fechou todos os pontos turísticos e proibiu, de novo, qualquer tipo de aglomeração. O governo está vendo a segunda onda chegando. A vida que estava se normalizando foi pro buraco lá. Estamos longe do fim”.

 

Enquanto a bolha progressista pedia a renúncia de Bolsonaro, seus antigos aliados no campo conservador se distanciavam ainda mais do presidente que passou o domingo circulando entre pessoas depois de liderar uma comitiva que voltou dos EUA com 23 infectados pelo coronavírus.

O governador João Doria (PSDB), sugeriu aos paulistas que o deixem falando sozinho: @BuzzFeedNewsBR “Sobre o aumento de pessoas nas ruas após declarações de Bolsonaro, Doria disse: ‘Escutem e atendam as recomendações médicas. Não sigam as orientações do presidente. Ele não orienta corretamente, não lidera o combate ao coronavírus e a preservação de vidas’”.

 

Ex-juiz, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), foi além: @UOLNoticias “Bolsonaro pode ser julgado por crimes contra a humanidade, diz Witzel.”

 

E o presidente ainda se indispôs com seu mais popular ministro, conforme apurou a repórter do Estadão em Brasília @jussarasoares: “Bolsonaro reclamou a interlocutores que Moro é ‘egoísta’ e não atua para defender suas posições no enfrentamento às medidas restritivas dos Estados e municípios. Nesta segunda, Moro publicou no Twitter: ‘Prudência no momento é fundamental’”.

 

Ex-colega de Regina Duarte na Globo, o ator Pedro Cardoso não aceitou a ironia feita pela secretária da Cultura à necessidade de quarentena no enfrentamento da Covid-19. Como informou o portal @leragora1 “‘Com sua manifestação, Regina adentra para o elenco de prováveis assassinos por irresponsabilidade’.”

 

Em um vídeo divulgado em seu perfil no Instagram, Cardoso mandou a atriz ir “para o inferno” e desafiou: “Saia você (de casa), Regina. Mas não venha depois ocupar o respirador de alguém que esteve trabalhando justamente porque exerce função fundamental”.

Numa semana em que empresários como Roberto Justus e Junior Durski argumentaram que o Brasil não pode parar por causa de alguns milhares de mortos, a entrevista do filósofo camaronês Achille Mbembe, criador do termo “necropolítica”, repercutiu entre usuários do Twitter.

Na entrevista, concedida a @diogobercito, da Folha, Mbembe cita o presidente @jairbolsonaro e o sacrifício deliberado de idosos e de pobres.

@otaperegrina “‘O sistema capitalista é baseado na distribuição desigual de viver ou morrer’, diz Achille Mbembe. ‘Essa lógica do sacrifício sempre esteve no coração do neoliberalismo, que deveríamos chamar de necroliberalismo’.”

 

Folha