Vandalismo na Assembleia foi ação de ‘black blocs’
Foto: Taba Benedicto/Estadão
O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado Cauê Macris (PSDB), disse que o tumulto nos corredores da Casa nesta terça-feira, 3, foi provocado por “black blocs” infiltrados entre servidores estaduais que protestavam contra a previdência estadual.
A reforma foi aprovada em segundo turno enquanto um intenso confronto com a Tropa de Choque ocorria na corredores e na parte de fora do Palácio Nove de Julho, sede do Legislativo paulista.
Ao analisar imagens das câmeras de segurança, a Polícia Militar na Assembleia Legislativa identificou ao menos 19 pessoas que teriam se infiltrado entre servidores públicos estaduais. Segundo Macris e a assessoria da PM na Alesp, a intenção era transformar o protesto em uma ação de vandalismo para forçar a interrupção da votação da reforma.
“De maneira legítima, houve um processo de mobilização dos servidores”, disse Cauê. “Mas isso foi contaminado, por conta de black blocs que foram infiltrados no meio desse processo.”
Ninguém foi detido na ação. Segundo a assessoria da PM na Alesp, as imagens serão analisadas e caberá à Polícia Civil identificar os suspeitos de insuflar o protesto e decidir se oferecerá indiciamento.
A Alesp ainda faz as contas do prejuízo com a depredação do prédio. Houve portas e quadros de luz quebrados, e a fiação de energia removida, além de gabinetes de parlamentares invadidos e depredados. Segundo Macris, encapuzados foram vistos entrando nos banheiros logo antes de canos d’água terem sido quebrados no local.
A decisão de realizar a sessão extraordinária pela manhã, segundo Cauê, foi tomada após ele ter sido informado pela divisão de inteligência da PM que a proporção dos protestos poderia ser maior nesta terça. As sessões extraordinárias costumam ser realizadas à noite, e a mudança levou a oposição a acusar os governistas de “manobra” para facilitar a aprovação da reforma.
A Tropa de Choque foi posicionada dentro da Casa desde o início da sessão por decisão do coronel Robinson Cabral de Oliveira, chefe da assessoria de segurança da PM na Alesp. “Eles estavam posicionados dentro da Casa, em um local estratégico, e quando houve a quebra da ordem foram acionados”, disse o coronel. “Nossa ação foi para ganhar terreno, proteger o plenário e garantir a segurança, e prender alguém poderia insuflar ainda mais os manifestantes.”
A decisão do presidente da Alesp de manter o choque na casa foi criticada por deputados da oposição, que acusaram Macris de provocar o tumulto. Cauê rebateu as críticas. “O que não é legítimo é impedir os deputados de votarem, de exercer o papel para o qual foram eleitos”.
“A minha luta foi para garantir o direito, seja da oposição, seja da situação, de se manifestar. Se a gente não garantir esse direito, a gente não cumpre o papel democrático correto”.