Após anos de guerra, Arábia Saudita fará trégua no Iêmen

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Foto: Mohammed Huwaish/AFP

A coalizão liderada pela Arábia Saudita que luta contra o movimento rebelde houthi no Iêmen, aliado ao Irã, anunciou nesta quarta-feira a interrupção das operações militares em todo o país, em apoio aos esforços da ONU para terminar uma guerra de cinco anos que matou dezenas de milhares e espalhou fome e doenças.

A medida visa facilitar as negociações promovidas pelo enviado especial da ONU, Martin Griffiths, para um cessar-fogo permanente, e foi decidida em parte para evitar um possível surto do novo coronavírus no Iêmen, onde nenhum caso foi relatado até agora, disse o porta-voz da coalizão, coronel Turki al-Malki.

A trégua entrará em vigor no meio-dia da quinta-feira, com duração inicial de duas semanas, e está aberta à extensão, disse ele em comunicado.

O anúncio é a primeira grande medida desde que as Nações Unidas reuniram as partes em guerra no final de 2018 na Suécia, onde assinaram um cessar-fogo na cidade portuária de Hodeidah.

Não está claro se os houthis seguirão a decisão da coalizão.

O porta-voz Mohammed Abdulsalam disse que os houthis enviaram às Nações Unidas uma proposta abrangente de paz que inclui o fim da guerra e do “bloqueio” imposto ao Iêmen.

“(Nossa proposta) estabelecerá as bases para um diálogo político e um período de transição”, tuitou na quarta-feira.

Na semana passada, o enviado da ONU, Griffiths, enviou uma proposta ao governo internacionalmente reconhecido, à coalizão militar liderada pela Arábia Saudita que o apoia e ao movimento Houthi que controla a capital Sanaa e a maior parte do Norte do Iêmen.

Griffiths celebro o anúncio da coalizão e instou as partes em guerra a “utilizar esta oportunidade e cessar imediatamente todas as hostilidades com a máxima urgência, e progredir em direção a uma paz abrangente e sustentável”.

As partes devem se reunir por meio de videoconferência para discutir a proposta, que pede a suspensão de todas as hostilidades aéreas, terrestres e navais.

Uma importante autoridade saudita, falando a repórteres em Washington, disse que Riad espera que, nas próximas duas semanas, o Conselho de Segurança da ONU ajude a pressionar os houthis “a interromper as hostilidades”, a se juntar ao cessar-fogo “e a ter seriedade nesse engajamento com os iemenitas do governo”.

As Nações Unidas e aliados ocidentais apontaram a ameaça do coronavírus para pressionar os lados em conflito no Iêmen a concordar com novas negociações para encerrar uma guerra que deixou milhões vulneráveis a doenças. Os Estados Unidos e o Reino Unido forneceram à coalizão saudita armas, inteligência e apoio logístico.

O Iêmen testemunhou uma trégua nas ações militares depois da Arábia Saudita e os houthis iniciaram conversas de canal no final do ano passado.

Mas um recente aumento na violência, incluindo mísseis balísticos disparados contra Riad no mês passado e ataques aéreos de retaliação da coalizão, ameaça acordos de paz frágeis em cidades portuárias vitais.

O Globo