Avanço da pandemia no Brasil espanta imprensa estrangeira

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Foto: Cadu Rolim

Ecoou de imediato no alto dos argentinos La Nación e Clarín, “Disparam as mortes no Brasil” e “407 mortos, recorde em um dia” no vizinho cada vez mais infectado.

E são só os dados oficiais, os mesmos do mapa digital que o New York Times lançou na quinta sobre o Brasil e que cita números acrescentando sempre a expressão “pelo menos”.

O Washington Post foi além e produziu longa reportagem em cemitérios, começando assim:

“No topo de uma colina nos limites de São Paulo, o coveiro acredita que sabe a verdade. Não importa quão ruim a situação pareça no país mais atingido pelo coronavírus no Hemisfério Sul, a realidade é pior.”

Relata a chegada de mais um corpo com “o que se tornou um detalhe familiar. Causa da morte: insuficiência respiratória”. Mais à frente, ouve outro coveiro: “Corpos não mentem”.

A questão, segundo o WP, é que o Brasil quase não faz testes. “Testa 12 vezes menos pessoas do que o Irã”, escreve. “Na disputa internacional por equipamentos para o exame, o Brasil está perdendo para os países que podem pagar mais ou que podem alavancar laços mais estreitos com a China.”

O quadro em Manaus ganhou cenas aéreas, com a Associated Press despachando vídeo da “sepultura em massa” aberta por tratores na “maior cidade da Amazônia”, reproduzido por WP e outros.

E com a France Presse, além do vídeo acima, reportando como “Manaus mergulhou no caos”, seu título. “Um filme de horror”, segundo o prefeito. Também na NPR.

A nova edição da Science relata o avanço do coronavírus nas comunidades indígenas brasileiras, com pelo menos 27 infectados e três mortos.

Ressalta como o quadro é “perturbadoramente familiar” para a geração mais velha dos suruís, de Rondônia e Mato Grosso, que viram “centenas de mortos por sarampo e outras doenças infecciosas nas décadas seguintes ao primeiro contato, em 1969”.

O site de saúde Stat, ligado ao Boston Globe, e o Financial Times manchetaram que um primeiro estudo sobre o medicamento remdesivir, da Gilead, “não trouxe benefícios” para pacientes com Covid-19, “frustrando cientistas e investidores” após duas semanas de entusiasmo em Wall Street. No verbo do FT, “flopou”.

Le Monde, Süddeutsche Zeitung, Times de Londres e Wall Street Journal (com a foto acima) destacaram reportagens próprias sobre o salto de 30% no desmatamento na Amazônia, com a redução na vigilância. E em maio “começa a alta temporada dos lenhadores”.

Folha