Bolsonaro começa a humilhar Regina Duarte
Regina Duarte entrou no governo acreditando que teria carta branca para trabalhar. Foi o que Jair Bolsonaro prometeu no altar do “casamento” celebrado pelo ministro Luiz Eduardo Ramos.
Veio a lua de mel e o noivo sumiu deixando Regina desamparada num governo marcado por intrigas e puxadas de tapete. A atriz entrou no governo, mas permanece um vulto na estrutura tomada de olavetes na Cultura.
Por influência direta de Bolsonaro, Regina está nas bancas, não conseguiu até hoje montar a própria equipe. Pior. Não conseguiu autonomia para demitir os antigos auxiliares de Roberto Alvim, o secretário aloprado que caiu da Cultura após parafrasear o nazista Joseph Goebbels.
Presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo é subordinado de Regina no organograma de poder da pasta. Nas redes sociais, Camargo prega abertamente contra a chefe, desconhecendo sua liderança. “Quem nomeia esquerdistas no governo Bolsonaro deveria ter vergonha na cara, retirar-se com sua turma e tentar voltar somente em 2022, por meio do voto”, escreve Camargo.
Regina tentou mostrar que segue viva na Cultura. Como primeira medida, anunciou uma flexibilização nas regras da Lei Rouanet para socorrer o setor na crise provocada pelo coronavírus. O subordinado da Fundação Palmares achou por bem de questionar a chefe por atuar em favor da classe artística: “Flexibilizou as prestações de contas da Lei Rouanet, beneficiando a sórdida classe artística”.
Para uma atriz que abandonou uma carreira de 50 anos na teledramaturgia para ocupar um cargo público, humilhação maior não há. Era o que se pensava.
Na noite desta terça, porém, Bolsonaro tratou de humilhar um pouco mais a atriz. No relacionamento abusivo que estabeleceu com Regina, ele achou correto elogiar Camargo: “Nota dez para o Sergio Camargo! Ele parece o Hélio Negão”. O chefe da Fundação Palmares não tardou em agradecer o “apoio e reconhecimento” dado a ele pelo presidente.
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Não foi um ato inocente. Bolsonaro vem do meio militar e montou um governo de generais. Entende a gravidade do desrespeito à hierarquia. Se a estimula, é porque não deseja contar com Regina no governo.
Os aliados mais próximos acreditam que é chegado o momento de Regina apontar a Bolsonaro a clássica saída do dilema. Se o presidente se diverte com o insubordinado da Fundação Palmares, basta Regina o faça escolher: “Ou ele, ou eu”.
Regina vive com medo.