Coronavírus sobrevive “no ar” onde falta ventilação

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Foto: STR/AFP

Pesquisadores chineses reforçaram a tese de que o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, pode se espalhar pelo ar. Um estudo realizado pela Universidade de Wuhan, epicentro da pandemia na China, e divulgado na segunda-feira 27 pela revista Nature, informa que pequenas partículas do novo coronavírus foram detectadas no ar em espaços ou salas, dentro ou próximos de hospitais, com falta de ventilação.

O estudo analisou o ambiente interior e exterior de dois hospitais que ficaram exclusivamente dedicados aos pacientes de Covid-19 entre março e abril. Liderados por Lan Ke, diretor do Laboratório Estadual de Virologia da universidade, os pesquisadores encontraram pedaços do material genético do vírus, chamados de aerossóis, flutuando no ar de áreas que abrigam multidões.

O estudo não procurou estabelecer se as partículas transportadas pelo ar poderiam causar infecções. Até agora, sabe-se que o vírus pode ser transmitido pelo contato direto com pessoas infectadas, superfícies contaminadas ou inalação de gotículas respiratórias de indivíduos com o vírus. O potencial de disseminação aérea, no entanto, tem sido motivo de debate e novos estudos.

As pessoas produzem dois tipos de gotículas quando respiram, tossem ou falam. Essas partículas caem no chão antes de evaporar, causando contaminação principalmente pelos objetos nos quais se assentam. Mas suspeita-se que gotículas menores, como os aerossóis, possam ficar no ar por horas.

A Organização Mundial da Saúde informa que o risco de contaminação é limitado a circunstâncias específicas, apontando para uma análise de mais de 75.000 casos na China, nos quais nenhuma transmissão aérea foi relatada. Mas, com quase 3 milhões de pessoas infectadas no mundo, os cientistas estão tentando entender exatamente como ocorre a contaminação.

Os cientistas de Wuhan encontraram poucos aerossóis em enfermarias, supermercados e prédios residenciais próximos aos hospitais. A maior quantidade de partículas de coronavírus no ar foram detectadas em banheiros e em duas áreas frequentadas por grandes multidões, incluindo um espaço interno próximo a um dos hospitais.

Concentrações especialmente altas apareceram nas salas onde a equipe médica despeja equipamentos de proteção, o que pode sugerir que as partículas que contaminam seus equipamentos voltam ao ar quando máscaras, luvas e aventais são removidos. Os resultados destacam a importância da ventilação, da limitação de multidões e de cuidadosos esforços de saneamento, concluíram os pesquisadores.

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