Nova Iorque vira cidade-fantasma

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Foto: JEENAH MOON / REUTERS

Hospitais de campanha no Central Park ou no estádio que abriga o US Open ilustram a metamorfose surrealista de Nova York, enquanto o número de mortos pelo novo coronavírus nos Estados Unidos superou nesta terça-feira o informado pela China. A pandemia matou mais de mil nova-iorquinos e a capital financeira do país está em uma corrida contra o tempo para aumentar dramaticamente a capacidade hospitalar antes que os casos atinjam um pico.

Meia dúzia de barracas de campanha, equipadas com 68 leitos e dez respiradores, foram montadas no icônico parque de Manhattan. Espera-se que recebam pacientes com covid-19 a partir desta terça.

— Você vê filmes como “Contágio” e acredita que estão tão longe da realidade, que isso nunca acontecerá. Ver acontecer é muito surreal — disse à AFP Joanne Dunbar, de 57 anos, enquanto caminhava pelo parque.

As ruas de Nova York, normalmente barulhentas, estão quase vazias. A enorme maioria das lojas está fechada, muita gente caminha com máscaras e luvas – algumas pessoas até com capas de chuva transparentes ou máscaras de mergulho, embora faça sol – e o pessoal da limpeza dos prédios tem mais trabalho do que nunca.

No supermercado D’Agostino, no East Village, o gerente Larry Grossman instalou espécies de escudos transparentes para proteger seus caixas dos clientes que possam estar doentes e pôs fitas para lembrar as pessoas de que precisam manter distância.

— Também temos muitos funcionários doentes e muitos outros e negam a trabalhar por temerem um contágio — contou à AFP.

A maioria dos casos e das mortes se concentra em Nova York, que se tornou rapidamente o epicentro do surto nos Estados Unidos, depois que o estado anunciou seu primeiro caso, em 1º de março.

O centro de convenções Jacob Javits, no bairro de Hudson Yards, em Manhattan, foi transformado em oito dias pelo corpo de engenharia do Exército para receber quase 3.000 pacientes. Aceitará doentes que não tiverem a Covid-19 para aliviar a pressão nos hospitais que se concentrarem no vírus.

A alguns quarteirões dali, no Píer 90, ancorou na segunda-feira o imponente navio-hospital “USNS Comfort”, com mil leitos, 12 centros cirúrgicos e pessoal médico de mais de mil pessoas, também para receber pacientes que não tiverem o vírus.

Outras regiões da cidade foram escolhidas como instalações médicas temporárias, entre elas o Centro Nacional de Tênis Billie Jean King em Flushing Meadows-Corona Park, Queens, onde o torneio US Open ocorre todo verão.

— As pessoas em Nova York estão em uma situação muito difícil e o que estão tentando fazer de forma apropriada é aproveitar as instalações existentes para descomprimir o aumento de casos — disse à CNN Anthony Fauci, o principal especialista em doenças infecciosas da equipe do presidente Donald Trump.

Os casos declarados de coronavírus nos Estados Unidos superaram os 174.400 nesta terça, segundo uma contagem da Universidade Johns Hopkins, com mais de 3.416 mortos. Mais do que os mortos nos atentados de 11 de setembro de 2001.

A cifra também supera o número de mortos por coronavírus reportado na China: 3.309 pessoas.

O Globo