Pandemia achata inflação

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Foto: Claudio Gatti

A inflação oficial do país desacelerou para 0,07% em março em relação a fevereiro, quando o resultado foi de 0,25%. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quinta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Março é marcado pelo início do distanciamento social e medidas de quarentena adotadas por estados e municípios devido a pandemia do coronavírus, que foram refletidas no comportamento dos preços. Esse foi menor resultado para o mês de março desde o início do Plano Real, em julho de 1994. No ano, o indicador acumula alta de 0,53% e, nos últimos 12 meses, 3,30%.

O grupo dos transportes teve queda de 0,90%, com mais um recuo nos preços das passagens aéreas (-16,75%) e dos combustíveis (-1,88%). Todos os combustíveis caíram em março: etanol (-2,82%), óleo diesel (-2,55%), gasolina (-1,75%) e gás veicular (-0,78%). Já comer em casa ficou mais caro.

Os preços do grupo alimentos e bebidas aceleraram de 0,11% em fevereiro para 1,13% em março, principalmente por causa da alimentação no domicílio (1,40%). “Os números sugerem que as pessoas estão comprando mais para se alimentar em casa, o que indica que não estão saindo para comer”, disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa. As maiores altas foram registradas nos preços da cenoura (20,39%), da cebola (20,31%), do tomate (15,74%), da batata-inglesa (8,16%), do ovo de galinha (4,67%). Já as carnes caíram (-0,30%) pelo terceiro mês consecutivo, embora o recuo nos preços tenha sido menos intenso na comparação com fevereiro (-3,53%).

Por causa da pandemia de coronavírus, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços. Desde então, passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas em sites de internet, por telefone ou e-mail. Alguns efeitos da pandemia já puderam ser verificados no comportamento da inflação.

Segundo Kislanov, a suspensão da coleta presencial reduziu a quantidade de preços coletados, mas isso não gerou problemas para a análise. “Conseguimos contornar as dificuldades com a coleta remota. Em alguns casos, a resposta foi muito positiva, como nos postos de combustíveis, em que boa parte dos preços foram coletados por telefone. Assim como outros institutos de estatísticas do mundo, estamos buscando maneiras de evitar uma redução drástica da nossa amostra”, concluiu.

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