Ramagem preparava afastamento de policiais que incomodam Bolsonaro
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Nos seus primeiros movimentos como diretor-geral da Polícia Federal, antes de sua nomeação ser suspensa no Supremo, Alexandre Ramagem procurava um nome para substituir o superintendente do Rio de Janeiro, um dos locais mais sensíveis e polêmicos em relação à família Bolsonaro. De acordo com relatos, o delegado também indicou que faria mudanças em São Paulo e em Minas Gerais. A expectativa era a de que policiais do Norte ganhassem espaço no órgão sob novo comando.
Carlos Henrique Oliveira está na chefia do Rio há menos de cinco meses. Ele tomou posse em dezembro do ano passado, após um imbróglio com sua nomeação, que durou de agosto até novembro. O delegado foi escolha de Maurício Valeixo, ex-diretor-geral, e foi elogiado por Ramagem na primeira reunião, nesta terça (28).
Ramagem pediu sugestões de nomes para o comando do Rio, mas ainda não tinha escolhido. Para São Paulo, Alexandre Saraiva, superintendente da PF do Amazonas, estava na lista de cotados. Seu nome foi parte da primeira crise envolvendo o presidente da República e o órgão, em agosto do ano passado.
No discurso de saída, o ex-ministro Sergio Moro disse que o presidente queria trocar o diretor-geral e as chefias de Rio e Pernambuco sem motivos razoáveis.
A informação da PF na noite de quarta (29) era a de que, por outro lado, Ramagem estava decidido a não mexer em Pernambuco. O Painel mostrou nesta quarta (29) que havia sinalização neste sentido.
Segundo relatos, antes de Ramagem ser escolhido, general Heleno (GSI) levou quatro indicações para a PF ao presidente Bolsonaro. Foi ignorado.
Apesar de Jair Bolsonaro ter dito que ainda sonha com Ramagem, a PF avalia que não há possibilidade disso ocorrer agora. No Judiciário, a análise é de que qualquer ação perdeu o objeto a partir da revogação da nomeação.
Opositores dizem que Bolsonaro conseguiu em 16 meses acumular dois dos mais polêmicos episódios do governo Dilma Rousseff e de Michel Temer. O presidente reproduziu com Moro crise semelhante à delação de Joesley Batista para Temer, e na indicação de Ramagem, o caso da nomeação de Lula para Dilma.