Após quarentena radical, Argentina abre economia

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Foto: Ronaldo Schemidt/AFP

O governo de Alberto Fernández, da Argentina, inicia nesta segunda-feira, 11, a flexibilização das medidas de quarentena, com vistas à sua eliminação em 24 de maio. A iniciativa responde à pressão pela retomada gradual das atividades econômicas em um país em crise há pelo menos cinco anos. Mas tem sido calculada justamente pelos resultados positivos das restrições vigentes há 53 dias para estancar a disseminacão da Covid-19.

A Argentina registra até esta segunda-feira 6.034 casos confirmados de contaminação, 307 mortes e 1.837 pacientes recuperados, segundo o levantamento em tempo real da Johns Hopkins University, de Washington. Trata-se de um dos casos mais bem sucedidos da região. O Brasil, apontado por Fernández como um risco para a região, totaliza 163.510 casos e 11.207 pessoas mortas pelo coronavírus.

O plano de saída da quarentena foi dividido pela Casa Rosada entre cidades de até 500.000 habitantes e as com populacões maiores. A capital, Buenos Aires, amanheceu hoje com as calçadas ampliadas, invadindo as ruas, para permitir o distanciamento de dois metros entre as pessoas. Cerca de 100 ruas tornaram-se exclusivas para pedestres. A oferta de ônibus e trens foi aumentada – 90% dos veículos vão funcionar, e nenhum passageiro poderá viajar em pé.

A expectativa é de mais 400.000 pessoas em circulação – todas obrigatoriamente com máscara – na região metropolitana de Buenos Aires, onde 50.000 comércios e cerca de 500 indústrias estarão autorizados a levantar suas portas. Mas os proprietários terão de disponibilizar transporte para os funcionários e seguir regras de distanciamento. Nas lojas, somente será permitido o ingresso de uma pessoa por metro quadrado de construção. A distância de dois metros deverá ser obrigatória entre os que fiquem do lado de fora.

Também foi adotada uma regra para evitar que todos os cidadãos se sintam aptos a sair às ruas. Em dias pares, poderão circular as pessoas que tenham o DNA, a carteira de identidade na Argentina, finalizado com número par. Ainda assim, as saídas não devem ultrapassar 60 minutos nem um raio de 500 metros da residência.

Se até a sexta-feira 8 os usuários da rede de transporte público não passavam de 25% do normal – 4,5 milhões de pessoas -, agora a perspectiva é que aumente significativamente. Assim como em outros países da Europa e da Ásia que adotaram a flexibilização da quarentena, o temor na Argentina está possibilidade de disparada da contaminação e de lotacão dos leitos hospitalares. Até o momento, 40% das vagas nas UTIs estão ocupadas.

Segundo o jornal Clarín, o decreto com as regras de flexibilização ainda não incluem escolas e universidades. O ministro da Educação, Nicolás Trotta, prevê o retorno às aulas presenciais apenas entre agosto e setembro e, assim assim, de forma escalonada. Caso contrário, 15 milhões de pessoas voltariam a circular ao mesmo tempo pelo país. Continuarão proibidos, pelo menos até 24 de maio, os eventos sociais, recreativos, esportivos e religiosos e a reabertura de cinemas, teatros, bibliotecas, centros culturais, restaurantes, bares, academias de ginásticas e clubes. Parques, praças e locais turísticos continuarão fechados.

Com a abertura gradual, o governo argentino pretende investir na realização de maior número de testes nas regiões mais vulneráveis à contaminação, como as favelas e os assentamentos. Nesta segunda-feira, mais duas mortes foram registradas em Buenos Aires, ambas de moradores de favelas. Segundo a secretaria de Acesso à Saúde, os contágios em favelas representa 29% do total da capital do país.

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