Dezenas de milhares não têm auxílio emergencial

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Foto: Reprodução

“Em análise”, diz o aplicativo do auxílio emergencial de R$ 600 da Caixa Econômica Federal. A mensagem referente à situação do cadastro aparece ininterruptamente desde 7 de abril para cerca de 38 mil brasileiros. O número parece quase inexpressivo, diante dos 50 milhões de benefícios já pagos, mas é ampliado a cada dia: se acrescidos os trabalhadores que fizeram o cadastro nas duas semanas seguintes, até 22 de abril, a cifra dos “sem resposta” salta para 1 milhão de solicitações.

Nesta quinta-feira (07/05), esses 38 mil trabalhadores informais completam um mês sem qualquer resposta do governo federal sobre a conclusão do pagamento do benefício. E, para muitos deles, cada dia a mais sem o benefício é um dia adicional de sofrimento – até para conseguir o que comer.

O número se refere aos brasileiros que fizeram o cadastro no aplicativo entre 7 e 10 do mês passado, ou seja, nos quatro primeiros dias após o lançamento da plataforma pela Caixa Econômica.

Esse grupo de trabalhadores informais não recebeu nem mesmo a informação de que o cadastro estava incompleto, como ocorreu com outras 13,6 milhões de pessoas.

Quem foi analisado e teve a avaliação classificada como inconclusiva recebeu a resposta da Caixa Econômica por meio do aplicativo e precisou refazer o cadastro, que voltou a ficar em análise.

A demora em receber respostas acossa esse grupo, que está sem ganhar a primeira parcela do benefício de R$ 600 em meio ao que pode ser uma das piores crises econômicas da história.

Márcia de Oliveira está entre os 13,6 milhões de pessoas que precisaram refazer o cadastro, agora novamente sendo analisado pela Dataprev.

Ela fez o primeiro cadastro no dia 7, recebeu a negativa da Caixa dia 23 e logo completou os dados. Desde então, não recebeu mais retorno. E não sabe como vai ser daqui para frente.

Isso porque até a semana passada a crise do novo coronavírus não tinha chegado com tanta força para ela. Contudo, o marido dela, que é pedreiro, quebrou uma costela e os dois precisaram arcar os custos do atendimento.

“A princípio não era tão importante, mas meu marido caiu e quebrou a costela na semana passada. Agora, estou com aluguel e cesta básica atrasados”, relatou.

O presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, informou nessa quarta-feira (06/05) que não pagou todos os benefícios de R$ 600 pois a Dataprev ainda está analisando os cadastros.

“Precisamos receber ainda o lote da Dataprev”, disse o presidente da Caixa, em live transmitida em uma rede social.

“Ainda não recebemos nenhum desses que tinham dados inconclusivos e nós estamos ainda para receber esse novo lote”, complementou.

Segundo Pedro Guimarães, o pagamento vai ser feito em até dois dias úteis após o recebimento do lote de cadastros aprovados.

Procurada pelo Metrópoles, a Dataprev não justificou a demora em analisar o cadastro do aplicativo do auxílio emergencial.

Contudo, em nota publicada no site no última quinta-feira (30/04), a estatal informou que esse grupo de 1 milhão de pessoas que não receberam nem mesmo a primeira resposta está “em processamento adicional”.

Segundo a Dataprev, foi preciso fazer o processo extra por causa da “complexidade de cenários e cruzamentos”. “Os técnicos seguem dedicados à conclusão da análise das informações”, completou.

O governo federal lançou nessa terça-feira (05/05) uma ferramenta para consultar a situação dos requerimentos do auxílio emergencial de R$ 600.

Os requerentes podem acompanhar todo o detalhamento dos pedidos, como resultados, datas de recebimento e envio dos dados pela Caixa à Dataprev e vice-versa, além da motivação da negativa do benefício.

O portal, contudo, apresentou instabilidade nessa quarta-feira, menos de 24 horas após ser lançado. “Caro usuário, o sistema encontra-se em manutenção”, dizia o texto quando se tentava acessar o site.

Metrópoles