Eurásia Group vê 25% de chance de Bolsonaro cair

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Foto: Jorge William/Agência O Globo

Diante de um escândalo político, uma emergência de saúde pública e uma crise econômica, a presidência de Jair Bolsonaro está em crise, mas as chances de impeachment são de apenas 25%. Essa é avaliação de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas do Eurásia Group, que vê uma grande hesitação dos legisladores em iniciar o processo no meio de uma pandemia.

“Dada sua base muito leal, é improvável que os índices [de popularidade] de Bolsonaro caiam substancialmente em território perigoso”, diz, em relatório. Se isso ocorrer, porém, “provavelmente seria mais por causa da pandemia, que parece estar se espalhando rapidamente, do que investigações direcionadas ao seu círculo interno”, acrescenta.

O grupo Eurasia alerta que a renúncia de Sergio Moro do Ministério da Justiça deu início a debates sobre um eventual processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.

“A dramática virada dos acontecimentos que levou à renúncia do ministro da Justiça Sergio Moro, em 24 de abril, colocou definitivamente um impeachment no cenário político”, aponta Garman. “Não apenas Moro acusou o presidente Jair Bolsonaro de ofensas, mas a decisão do presidente de intervir na Polícia Federal sugere que há uma investigação em andamento que pode atingir a sua família”

Mesmo diante de críticas públicas a Bolsonaro, a Eurasia verifica que ainda há chances efetivas de ele concluir o seu mandato, pois de acordo com essa entidade a perda exige três medidas para ser implementada no Brasil. A primeira envolve apoio do Congresso para o final do seu cargo. A segunda é o final de apoio populacional. E a terceira é quando o presidente perde a credibilidade na gestão econômica em meio a uma crise financeira ou econômica apontada como profunda.

A Eurasia ressalta que a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-líder do Brasil Fernando Collor de Mello sofreram impeachment no Brasil após a verificação dessas três condições, em 2016 e em 1992. “Eles não apenas perderam o apoio no Congresso, mas experimentaram quedas dramáticas em seus níveis de apoio público. Eles também perderam o apoio do setor privado na gestão de uma crise econômica.”

Para essa entidade, Bolsonaro está em crise, mas ainda tem uma base bastante fiel de apoio na opinião pública. “Ele conta com o apoio de aproximadamente um terço da população e, enquanto isso, os legisladores não votarão a favor de um impeachment.”

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