Jornal francês denuncia aumento do desmatamento na Amazônia
Foto: Victor Moriyama/Greenpeace
O diário francês Le Figaro desta quinta-feira (14) faz um alerta a respeito da ação devastadora do governo brasileiro em relação à floresta amazônica. Lembrando que o ano de 2019 já foi nefasto para o ecossistema da região, a reportagem do diário francês explica que os atores do desmatamento são acusados de aproveitar da crise da Covid-19 para acelerar suas operações.
“A Covid-19 está aniquilando a Amazônia, mas os invasores de terras indígenas e madeireiros ilegais que estão devastando a maior floresta tropical do mundo não estão em quarentena”, diz Le Figaro.
A reportagem lembra que o desmatamento e incêndios gigantescos destruíram mais de 10 mil km² de mata, em 2019. Jair Bolsonaro foi considerado como um pária pela comunidade internacional por não fazer nada para evitar o massacre. Ao contrário, o presidente brasileiro estimulou a exploração da floresta.
Mas 2020 será muito pior, estima o jornal francês. Só nos primeiros quatro meses do ano, mais de 1.200 km de floresta foram dizimados, uma alta de 55% em relação ao mesmo período no ano passado. As informações foram recolhidas por satélite pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cita Le Figaro.
“Os aproveitadores, garimpeiros, invasores e madeireiros não trabalham a distância, eles continuam a destruir a floresta”, diz Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia, do Greenpeace. Para o representante da ONG, eles se aproveitam do desvio de atenção com a crise sanitária, social e econômica gerada pelo coronavírus.
O jornal francês relata a demissão há poucos dias de três funcionários do Ibama pelo governo. O erro deles, explica o Figaro, foi montar uma operação espetacular em abril contra os madeireiros ilegais em terras indígenas no sul do Pará. A ação destruiu motosserras, caminhões e equipamentos.
As ONGs temem um projeto de lei que pode legalizar as ocupações de territórios indígenas, acontecidas entre 2011 e 2018. O poderoso lobby do agrobusiness pressiona a adoção do texto que está na mesa dos deputados, explica o diário. “Vai ser um prêmio ao crime”, estimam os defensores da Amazônia.