Premiê da Alemanha: o vírus ainda está aqui

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Foto: Hannibal Hanschke/Reuters

A chanceler alemã Angela Merkel voltou a demonstrar preocupação em relação a uma possível nova onda de contaminação do coronavírus no país, que vem flexibilizando as normas de isolamento há várias semanas. “Ainda estamos vivendo o início da pandemia. Ganhamos maior controle, mas o vírus ainda está aí”, afirmou Merkel a repórteres nesta quarta-feira, 27, de acordo com a rede alemã Deutsche Welle.

Uma das principais lideranças no combate ao coronavírus na Europa, Merkel pede que haja maior coordenação entre o governo federal e os estados na Alemanha na elaboração de medidas de flexibilização do isolamento. “Eu concordo que todos devem trabalhar em suas áreas de responsabilidade, mas é importante para mim como chanceler e para todo o governo federal que haja um consenso em discussões fundamentais.”

Merkel demonstrou sua preocupação depois de um encontro como líderes de estados da Alemanha, que a pressionam por um maior relaxamento nas restrições. Bodo Ramelow, governador da região da Turíngia, foi quem causou a maior controvérsia nesta semana ao propor que as restrições fossem revogadas e passassem a ser apenas recomendações, de forma que a população pudesse cumprir os requisitos de forma “voluntária”.

Há dois dias, Markus Soeder, governador da Baviera, o estado mais atingido, apoiou a cautela de Merkel e se opôs a uma reabertura rápida do turismo, ideia que vem sendo debatida pela União Europeia. “Na Itália, Espanha e França temos números de infecções completamente diferentes quando comparados com os da Alemanha, por isso peço ao governo federal que pense muito cuidadosamente sobre isto”, disse. “Ninguém deve ser enganado. O coronavírus continua mortal”, completou Soder.

Na última terça-feira 26, o governo prorrogou até 29 de junho as normas de isolamento que proíbem, por exemplo, que mais de dez pessoas, ou duas famílias, se reúnam em locais públicos e pede que a população mantenha uma distância mínima de 1,5 metro e utilize máscaras nos transportes públicos. Os estados, no entanto, têm autonomia para decidir sobre a reabertura de escolas e áreas do comércio. Desde o início de maio, há lojas e indústrias abertas no país, que também foi o primeiro a retomar seu campeonato de futebol, com jogos sem torcida, entre as principais ligas da Europa.

A Alemanha foi um dos países que teve maior sucesso no combate ao coronavírus, com 180.000 casos confirmados e pouco mais de 8.000 mortes, número de óbitos bem inferior ao dos principais vizinhos. Nas últimas semanas, porém, o país assistiu a pequenos surtos locais atingindo particularmente trabalhadores migrantes de fábricas, fiéis em um culto na igreja, e casas de refugiados, o que ligou um sinal de alerta nas autoridades.

Merkel vem sendo pressionada pela reabertura da economia diante das previsões sobre a maior recessão histórica no país. Na semana passada, o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) anunciou que o PIB da Alemanha caiu 2,2% no primeiro trimestre de 2020. Recentemente, a União Europeia apresentou um plano para resgatar o setor do turismo, que consiste em reabrir as fronteiras entre países-membro com perfis de risco de coronavírus similares.

O grupo pretende estabelecer “corredores turísticos”, ou seja, acordos multilaterais de abertura de fronteiras para tentar resgatar a indústria que é responsável por 10% da economia do bloco e emprega 12% de todos os seus trabalhadores registrados. O governo alemão já adiantou que pretende reabrir o turismo a partir de 15 de junho, se os casos de infecção continuem controlados.

Existe, no entanto, um temor sobre uma possível nova onda de contaminação, que vem ganhando eco na Ásia. Nos últimos dias, a Coreia do Sul, considerada um modelo na gestão da crise, viu o número de casos subir depois de flexibilizar as restrições. Nesta quarta, o país atingiu seu maior número de ocorrências em sete semanas.

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