Smart Fit perde clientes por financiar fake news

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Foto: Reprodução/VEJA

Edgard Corona deve sentir no bolso o fato de estar no centro das investigações como suposto financiador de disparos de fake news. Após a operação da Polícia Federal realizada na quarta, 27, quando o empresário teve sua quebra de sigilos fiscal e bancário quebrados, viu-se uma campanha na internet pedindo para que alunos façam o cancelamento de matrículas das redes SmartFit. A rede de academias tem uma cláusula segundo a qual a matrícula pode ser cancelada a qualquer momento, mas isso precisa ser feito de forma presencial. Quase todas as unidades estão fechadas devido à pandemia, o que tem causado revolta por quem não consegue se desligar da empresa. No Twitter, alguns perfis orientam alunos a fazer queixa da academia pelo Procon.

Pelo site Reclame Aqui, há diversos alunos reclamando da impossibilidade de fazer o cancelamento por plataformas digitais — alguns usam a decisão de deixar a empresa justamente pela investigação de seu dono no inquérito das fake news. “Já estava bastante indignada com a pressão que o dono da rede SmartFit faz para a reabertura das academias durante a pandemia, e agora me recuso a dar meu dinheiro para que financiam notícias falsas em prol desse governo nazista! Contudo, entrei no espaço do aluno para cancelar e não tem mais essa opção no espaço! Minha matrícula foi trancada automaticamente por conta da pandemia, mas quero cancelar definitivamente e não consigo! Eu me recuso a continuar dando dinheiro para academia Bolsonarista!”, escreveu uma aluna de Brasília. “Eu estou pagando mensalidade parcial durante a pandemia para manter a empresa com um pouco de fôlego e manter colaboradores, mas esse dinheiro pode estar sendo usado para financiar fake news”, argumentou outra de Goiânia pelo Reclame Aqui.

Ao autorizar a quebra de sigilos de empresários, entre eles também o Luciano Hang, o ministro Alexandre de Moraes usou como argumento a mensagem de Corona pedindo apoio financeiro para vídeos contra Rodrigo Maia: “Temos de impulsionar esses vídeos. Precisamos de dinheiro para investir em marketing”, diz a mensagem, enviada ao grupo do movimento Brasil 200 e revelada em fevereiro deste ano.

Até dezembro de 2019, a rede SmartFit contava com 2,5 milhões de alunos e 730 unidades espalhadas por dez países. A empresa chamou a atenção do mercado quando o fundo canadense CPPIB comprou 12,4% do grupo por 1,07 bilhão de reais, avaliando a companhia em 8,6 bilhões. A aquisição foi em novembro passado.

Procurado por VEJA, a SmartFit não fala sobre o aumento de cancelamentos de matrículas em virtude de Corona ser investigado pelo STF. A assessoria de imprensa mandou o seguinte comunicado: “O cancelamento não pode ser efetivado agora em virtude das academias estarem fechadas. Exatamente por esse motivo que, nesse período, nenhuma cobrança de mensalidade vem sendo efetuada. Assim que as unidades reabrirem, o cancelamento poderá ser realizado normalmente”.

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