Teich é o sétimo ministro trocado em 17 meses
Foto: Joédson Alves/EFE
O oncologista Nelson Teich, exonerado hoje do Ministério da Saúde na manhã de hoje, é o sétimo ministro a deixar o governo federal e não ocupar novo cargo.
No período de apenas um mês, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) perdeu três ministros: Luiz Henrique Mandetta (Saúde) em 16 de abril, Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) em 24 de abril, e, hoje, Teich.
Menos de dois meses após tomar posse, Bolsonaro demitiu o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL), na primeira grande crise de sua gestão.
Morto em 14 de março deste ano, Bebianno foi o principal articulador da campanha do então futuro presidente e acabou exonerado após atritos com o filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro. A crise envolvia ainda denúncia de repasses do fundo partidário do PSL para suposta candidatura “laranja” nas eleições.
Pouco mais de três meses após a posse, Bolsonaro anunciou a saída de Ricardo Veléz Rodriguez do Ministério da Educação.
No cargo, o então ministro vinha sendo criticado pelo presidente por “falta de gestão” e protagonizou polêmicas como um edital para compra de livros sem referências bibliográficas, pedido para que escolas gravassem alunos cantando o hino nacional e suspensão da avaliação de alfabetização.
O terceiro ministro a deixar o governo foi o general Carlos Santos Cruz da Secretaria de Governo, pouco mais de cinco meses depois de o presidente ter assumido o cargo.
Integrante da ala militar do governo, o ex-ministro esteve envolvido em crises com os filhos de Bolsonaro, que pertencem ao grupo ligado ao escritor Olavo de Carvalho. Santos Cruz reclamava das interferências dos olavistas, especialmente na comunicação do presidente e seu governo.
No mesmo mês, Bolsonaro retirou o general Floriano Peixoto do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência e o realocou nos Correios. Com a saída do general, que assumiu no lugar de Bebianno, essa foi a segunda troca na pasta em menos de seis meses de governo.
A primeira troca deste ano aconteceu no Ministério do Desenvolvimento Regional, até então ocupado por Gustavo Canuto. O presidente foi bastante pressionado para realizar a troca e recebeu apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, e das bancadas do Norte e Nordeste..
A principal crítica à atuação do ex-ministro era a falta de diálogo com o Legislativo e os resultados de programas como o Minha Casa, Minha Vida, considerados insuficientes.
Há três meses, Bolsonaro anunciou a saída de Osmar Terra do Ministério da Cidadania e sua substituição por Onyx Lorenzoni. A Casa Civil, até então comandada por Onyx, passou ao general do Exército Walter Souza Braga Netto.
Há um mês, seu nome foi cogitado para substituir Mandetta no Ministério da Saúde, mas a previsão não se confirmou. Terra tem apoiao do discurso do presidente sobre o combate à pandemia de covid-19, minimizado o número de mortes e questionado o isolamento social.
Bastante popular graças à sua atuação frente o combate ao novo coronavírus, Luiz Henrique Mandetta foi demitido do Ministério da Saúde no dia 16 de abril. A aprovação do Ministério da Saúde sob seu comando era maior que a do próprio presidente, segundo pesquisa Datafolha.
O ex-ministro vinha discordando das orientações de Bolsonaro publicamente, sendo o uso da cloroquina e a adoção do isolamento social os principais pontos de conflito entre eles.
A saída do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, há menos de um mês, acirrou uma grave crise política no governo Bolsonaro em meio à pandemia de covid-19. Ao deixar o governo, o ex-juiz da Lava Jato fez graves acusações de que o presidente teria intenções de intervir no trabalho da PF (Polícia Federal).
Ontem, a situação ganhou novo capítulo com a revelação de trechos transcritos de um vídeo de uma reunião ministerial citada por Moro em seu depoimento à PF.