Além de censurar, Ministério da Saúde agora falsifica números

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Foto: Andre Coelho/Getty Images

O Ministério da Saúde divulgou na noite deste domingo dois balanços com informações divergentes sobre a pandemia de coronavírus no Brasil. Inicialmente, a pasta havia informado que 1.382 mortes e 12.581 casos de Covid-19 haviam sido registrados em 24 horas. Mais tarde, porém, afirmou que o número de óbitos era 524 e o de novos diagnósticos positivos era 18.912 nas últimas 24 horas.

Com os últimos dados divulgados, o total de mortes causadas pelo novo coronavírus foi a 36.455. Já o total de casos de infecção é de 691.758.

A divergência nos boletins acontece um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar nas redes sociais que a pasta “adequou” a divulgação dos dados sobre casos e mortes para “maior precisão”. No site covid.saude.gov.br, onde informa os dados da pandemia no país, o Ministério da Saúde não mostra mais os números totais de óbitos e diagnósticos da doença.

A Procuradoria-Geral da República abriu investigação sobre a mudança e, na noite de sábado, determinou que o Ministério da Saúde tinha 72 horas para apresentar explicações e documentos sobre o novo protocolo de divulgação.

A decisão foi criticada por especialistas em saúde, políticos e secretários estaduais de saúde. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou durante uma live que “sem informar da maneira correta, o Estado pode ser mais nocivo do que o vírus”.

Em entrevista ao jornal O Globo neste sábado, o empresário Carlos Wizard, que havia sido convidado para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, afirmou que seria feita uma recontagem dos dados da pandemia no Brasil e que os números atuais seriam “fantasiosos ou manipulados”. Com a repercussão negativa provocada pela declaração, Wizard desistiu de assumir o cargo.

O Ministério da Saúde afirmou na noite deste domingo que vai lançar nesta semana uma plataforma com um “novo modelo” de divulgação com dados detalhados sobre a pandemia de coronavírus no Brasil, com o “cenário atual da doença, com análise de casos e mortes por data de ocorrência, de forma regionalizada”.

Na nota, a pasta também tentou se defender das críticas dos últimos dias, afirmando que tem tratado a divulgação dos números com “transparência” e que a nova plataforma vai aumentar a “interação”.

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